Cannabis e depressão: uma relação complexa 

Estudo explora os benefícios e riscos da cannabis no tratamento da depressão

Publicada em 04/10/2023

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Diversas pessoas em todo o mundo usam cannabis para tratar problemas de humor à medida que a regulamentação de seus usos continua a se espalhar. Utilizando os compostos da planta para reduzir a ansiedade e a depressão, muitas encontraram alívio para controle destes transtornos. 

Considerando o seu estatuto de neuromodulador eficaz, não é surpresa que as pessoas que sofrem de desregulação do sistema nervoso procurem a cannabis. Mas a capacidade dos compostos da planta para ajudar, é proporcional ao seu potencial de causar danos. 

O Wall Street Journal publicou uma coluna sob o título “Cannabis está ligada a doenças mentais” que fazia referência a um artigo publicado em maio deste ano no JAMA Psychiatry. O estudo concluiu que os pacientes diagnosticados com transtorno por uso de cannabis tinham uma taxa de mortalidade superior à média probabilidade de um diagnóstico subsequente de depressão ou transtorno bipolar. 

Os autores do estudo reconhecem, no entanto, que a correlação pode não ser igual à causalidade. E o estudo teve de lidar com o que é chamado de “viés de detecção” na sua população alvo. 

Relação complexa 

A relação entre cannabis e depressão é uma questão complexa que merece uma análise cuidadosa. A cannabis contém compostos, como o CBD (canabidiol), que demonstraram potencial para aliviar sintomas de ansiedade e depressão em estudos preliminares, além disso, casos clínicos reais relatam benefícios significativos ao usar cannabis para tratar depressão, fazendo com que pacientes experimentem uma sensação de relaxamento e melhora no ânimo. 

No entanto, é importante notar que a cannabis também possui componentes psicoativos, como o THC (tetrahidrocanabinol), que podem causar efeitos colaterais indesejados, como ansiedade exacerbada e paranoia, em algumas pessoas.  

É importante destacar também, que o uso excessivo ou inadequado de cannabis pode levar ao desenvolvimento do Transtorno por Uso de Cannabis (CUD), como destacado no estudo do JAMA Psychiatry. 

A correlação encontrada no estudo entre CUD e depressão não estabelece necessariamente uma relação causal direta. Outros fatores, como predisposição genética e ambiente, podem desempenhar um papel importante nessa ligação. Portanto, é crucial abordar essa questão com cautela e continuar pesquisando para entender melhor os mecanismos subjacentes. 

Para indivíduos que consideram o uso da cannabis no tratamento da depressão, é aconselhável buscar orientação médica. Um profissional de saúde qualificado pode ajudar a avaliar os riscos e benefícios, além de recomendar estratégias de uso responsável e, quando apropriado, alternativas terapêuticas. 

Em resumo, a relação entre a cannabis e a depressão é uma área de pesquisa em evolução, com resultados mistos. Embora a cannabis possa oferecer alívio para alguns, seu uso deve ser cuidadosamente considerado devido aos potenciais riscos à saúde mental. A conversa sobre cannabis e depressão deve ser informada por evidências científicas sólidas e acompanhada por um aconselhamento médico especializado para garantir a segurança e eficácia no tratamento de problemas de humor.