Tratamento com psilocibina melhora os resultados de consumo de álcool, diz estudo 

Realizada pela Universidade de Nova York, a pesquisa demonstrou que o composto derivado do cogumelo administrado em combinação com psicoterapia, produziu reduções robustas na porcentagem de consumo excessivo de álcool

Publicada em 14/06/2023

capa
Compartilhe:

Por redação Sechat

Um ensaio clínico recente realizado por pesquisadores da Universidade de Nova York, mostrou que uma combinação de psilocibina (encontrada em cogumelos mágicos) e psicoterapia foi capaz de reduzir os sinais de alcoolismo em comparação com o placebo (tratamento que não possui nenhuma ação contra um sintoma ou uma determinada doença).

Tratamento com psilocibina

Motivados por resultados anteriores, os pesquisadores avaliaram 95 pessoas com transtorno do uso de álcool. Metade recebeu psilocibina e metade placebo ativo difenidramina, ambos em conjunto com a psicoterapia. 

Os “placebos ativos” são frequentemente usados ​​em ensaios que testam a eficácia de drogas psicoativas. Em contraste com um placebo inerte, os placebos ativos têm efeitos psicoativos, tornando mais difícil adivinhar se o pesquisado está no grupo de controle do placebo ou não. 

“Ao dar a um grupo de pessoas uma alta dose de psilocibina e a outro uma pílula de açúcar, é bem provável que todos consigam adivinhar se receberam o placebo ou não”, destacaram os autores do estudo.

Metodologia do estudo

Durante um período de 36 semanas, os participantes receberam psilocibina, ou placebo, em duas sessões de oito horas que ocorreram nas semanas quatro e oito do estudo. 

A todos os pacientes, também receberam 12 sessões de psicoterapia: quatro ocorreram antes da primeira sessão medicamentosa, quatro entre a primeira e a segunda e quatro após a última. No resultado primário medido foi a porcentagem de dias de consumo excessivo de álcool, após a primeira sessão de drogas.

Durante o período duplo-cego de 32 semanas após a primeira sessão de administração dos compostos, a porcentagem de dias de consumo pesado de álcool foi de 9,7% para o grupo psilocibina e 23,6% para o grupo placebo.

Em outras palavras, aqueles que receberam psilocibina beberam bem menos que o grupo que havia recebido o placebo, em relação ao tempo estipulado, isto é, a diferença entre os dois grupos foi mais do que o dobro.

Descobertas 

As descobertas indicaram,  que a psilocibina administrada em combinação com psicoterapia “produziu reduções robustas na porcentagem de dias de bebedeira em comparação com as produzidas por placebo ativo e psicoterapia”.                                                     

Esses resultados se baseiam em estudos históricos que sugerem que as drogas psicodélicas podem ajudar a psicoterapia no combate ao vício em álcool. Os efeitos da psilocibina podem não se limitar ao vício em álcool, revelando, como outra pesquisa sugeriu recentemente, que estes compostos podem também ser úteis para pessoas que desejam parar de fumar.

“Ensaios clínicos como este são empolgantes, pois medem os efeitos em seres humanos que sofrem de transtornos psiquiátricos. Eles comprovam que essas drogas,em combinação com a psicoterapia, são capazes de auxiliar positivamente nos tratamentos, mas não dizem como elas atuam  no cérebro para alcançar esse resultado. Para entender quais mecanismos subjacentes podem estar em jogo, mais estudos são necessários”, concluem os pesquisadores.