Por Daniele Tondolo

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Já parou para pensar que a fibromialgia é uma doença que está muito além da dor. Há um ditado que diz algo mais ou menos assim: “nunca se sabe onde dói de verdade a dor do outro”. Uma fala que se encaixa tanto para aspectos emocionais, quanto para os pacientes com fibromialgia. Uma patologia seis vezes mais comum em mulheres, caracterizada por dores difusas no corpo. Um diagnóstico de exclusão, sem exame específico para detectá-la. Realmente um panorama complicado de lidar, ainda mais para os portadores dessa síndrome. 

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A doença reumatológica cursa com outras condições associadas, como depressão, insônia, ansiedade, alterações da memória e gastrointestinais, diminuindo muito a qualidade de vida geral do paciente. Para os médicos que prestam o atendimento tem que sobrar compreensão: entender e acolher essa dor, que não é somente física. É profunda em diversos aspectos, ainda mais pela limitação funcional que causa; e essa limitação não é apenas física, pois um paciente com dor acaba por ter alterações do humor, irritabilidade, medo de atividades sociais que possam desencadear uma crise ainda mais forte, fora conviver com a insônia e um corpo todo tempo cansado.

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Daniele Tondolo é especializada em anestesiologia e pós-graduada em cannabis medicinal e já prescreveu para mais de 150 pacientes.

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Na minha prática clínica tenho atendido cada vez mais pacientes com esse diagnóstico, mas o curioso é que cada um deles consulta por uma motivação diferente. Nem sempre a dor é a protagonista, já que alguns se “acostumaram” a viver com ela, quase na companhia diária. 
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.Os canabinoides têm se mostrado importantes aliados para quem deseja conviver melhor com a doença. Tanto o CBD (canabidiol), com sua ação anti-inflamatória, ansiolítica e antioxidante, quanto o THC (tetrahidrocanabinol) com suas propriedades sedativas e analgésicas auxiliam no controle dos sintomas. Importante sempre fazer uma avaliação completa, entendendo o quadro clínico do paciente, estudando as medicações já utilizadas e as possíveis interações medicamentosas. 

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Acompanhar de perto, titular corretamente os derivados da cannabis e escolher os mais apropriados de acordo com cada caso clínico é fundamental, assim como saber escutar e entender a realidade do paciente. Um artigo publicado em 2019, no Journal of Clinical Medicine, que acompanhou pacientes por mais de seis meses, evidenciou que a cannabis medicinal pode ser uma opção terapêutica promissora nos casos de fibromialgia, especialmente para aqueles que não responderam a outras opções farmacêuticas.

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A planta se mostrou efetiva e segura quando titulada gradativamente, apresentando poucos efeitos adversos. Nós médicos temos o dever de estudar sobre os potenciais terapêuticos da cannabis e oferecer mais essa ferramenta para nossos pacientes e, acima de tudo, nos esforçarmos ao máximo para entender onde realmente dói a dor deles.

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2019 Jun; 8(6): 807.

Published online 2019 Jun 5

Safety and Efficacy of Medical Cannabis in Fibromyalgia

Iftach Sagy,1,2,† Lihi Bar-Lev Schleider,2,3,† Mahmoud Abu-Shakra,4 and Victor Novack2,*