Produto de cannabis é entregue pela primeira vez no município de Oiapoque, no extremo norte do Brasil

Entregas de produtos à base de cannabis já alcançam os lugares mais remotos do Brasil, revelando a força de um mercado em expansão

Publicada em 23/09/2025

 Cannabis do Oiapoque ao Chuí: quando a medicina atravessa fronteiras

Do Oiapoque ao Chuí: a revolução do CBD | Reprodução IA

No meio de uma rotina de entregas que já percorrem todo o Brasil, um episódio inusitado chamou a atenção da gerente comercial da Mile Express, Paula Scanapieco. 

 

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Paula esteve como entrevistada no Deusa Cast e falou sobre a logística da cannabis desde a importação até o consumidor final | Foto: Sechat

Durante sua participação no Deusa Cast, podcast do Portal Sechat, ela contou que um pedido atrasou porque precisava chegar a um lugar de difícil acesso: o Oiapoque, no extremo norte do país. 

Entre risos, Paula lembrou que nunca imaginou ver o ditado “do Oiapoque ao Chuí” se tornar realidade. O relato, mais do que uma curiosidade, simboliza o alcance de uma revolução silenciosa: a cannabis medicinal já chega onde menos se espera e, pelo ritmo de crescimento, ainda vai muito mais longe.


A travessia da cannabis no Brasil


De acordo com dados atualizados pela Anvisa até agosto de 2025, mais de 571 mil solicitações de importação de produtos à base de cannabis foram registradas desde 2015. Só neste ano, entre janeiro e agosto, já são mais de 107 mil pedidos, um reflexo do aumento da demanda em todas as regiões do país.


Esse avanço mostra que a cannabis deixou de ser um tema restrito a grandes centros urbanos. Hoje, médicos de pequenas cidades prescrevem, prefeituras buscam licitações e pacientes em áreas remotas encontram no CBD uma esperança de tratamento.


“Já já a gente vai ter em cada cidadezinha pessoas usufruindo desse medicamento”, prevê Paula. “Aqui na Mile, a gente se diverte com os nomes das cidades. Tem lugar que nem o e-commerce tradicional chega, mas a cannabis já chegou”, contou. 


Do desafio à revolução


A Anvisa lembra que os produtos importados pela RDC 660 não passam por avaliação direta da agência, mas o aumento exponencial das solicitações reflete a urgência da população em acessar a medicina canábica.


De norte a sul, de estradas asfaltadas a caminhos de terra, cada entrega carrega mais do que uma caixa: carrega a possibilidade de vida com mais qualidade. E talvez seja essa a maior prova de que a cannabis, como diz Paula: “vai chegar onde tiver que chegar”.