Como a cannabis pode ajudar no tratamento hormonal de pessoas trans?
Pesquisas indicam que os fitocanabinoides podem ajudar a suavizar os efeitos da terapia hormonal, promovendo mais conforto e equilíbrio durante a transição
Publicada em 23/01/2025
Imagem Ilustrativa: Canva Pro
Os fitocanabinoides, compostos naturais da cannabis, emergem como uma alternativa promissora para aliviar os efeitos colaterais da terapia hormonal em pessoas trans, melhorando seu bem-estar físico e emocional durante a transição.
O papel dos canabinoides no corpo
O sistema endocanabinoide humano interage com os fitocanabinoides, como o CBD e o THC, por meio de receptores presentes no sistema nervoso e em outras áreas do corpo. Essas substâncias podem contribuir para o equilíbrio hormonal ao modular neurotransmissores no hipotálamo, a região cerebral que conecta o sistema endócrino ao sistema nervoso central.
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O THC tem a capacidade de regular diversas hormonios, como a prolactina, enquanto o CBD influencia positivamente os ciclos hormonais associados ao gênero feminino. Ambos os compostos podem reduzir a ansiedade, melhorar o sono e estimular o apetite, fatores-chave durante a terapia hormonal.
Aliada no tratamento de saúde de pessoas trans
Segundo a ginecologista Mariana Prado, a cannabis se apresenta como uma terapia promissora para a saúde da população trans, especialmente no que diz respeito à saúde mental. "Pode ajudar no manejo da ansiedade, depressão e insônia, condições comuns entre pessoas trans devido ao estresse social e à disforia de gênero", explica a médica. Prado também destaca que o uso de cannabis pode melhorar os sintomas ansiosos, até que os efeitos da hormonização se manifestem plenamente.
Embora os estudos sobre cannabis e gênero sejam limitados, há consenso de que o uso de fitocanabinoides pode facilitar o processo de aceitação e conforto durante a transição.
*A supervisão médica é imprescindível para garantir um tratamento seguro e eficaz, evitando riscos associados à automedicação.
Brasil lidera mortes de pessoas trans
A violência contra pessoas trans continua a causar danos emocionais e sociais significativos, com consequências que podem incluir transtornos psicológicos e marginalização. No ano passado, 105 pessoas trans foram mortas no Brasil, o que representa uma redução de 14 casos em relação a 2023, de acordo com publicação da Agência Brasil. Apesar dessa diminuição, o país mantém o título de nação com o maior número de assassinatos de pessoas trans pelo 17º ano consecutivo. Os dados constam no Dossiê: Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024, da Rede Trans Brasil, que será lançado oficialmente no próximo dia 29.
A pesquisa, que compila dados de diversos meios de comunicação, revela que 38% dos homicídios ocorreram na Região Nordeste, seguida pela Região Sudeste com 33%, Centro-Oeste com 12,6%, Norte com 9,7% e Sul com 4,9%. Em termos absolutos, São Paulo lidera com 17 mortes, seguido por Minas Gerais (10) e Ceará (9).
Isabella Santorinne, secretária adjunta de Comunicação da Rede Trans Brasil, comentou a redução das mortes, mas alertou para a persistência da violência. "A queda é um pequeno alívio, mas não podemos ignorar que ainda há mortes. Isso reflete um processo lento e desigual de mudança. Embora haja avanços em visibilidade e debates, a violência e o preconceito continuam sendo uma realidade", afirmou à AG.
A cannabis pode desempenhar um papel importante no tratamento e na melhoria da qualidade de vida da população trans, especialmente no que diz respeito à saúde mental. Segundo Prado, o uso de cannabis pode proporcionar "alívio emocional e promover o bem-estar da população trans."