Mercado de cannabis terapêutica no Brasil cresce e exige planejamento estratégico
Conheça as tecnologias e estratégias para se destacar em um dos setores mais promissores da atualidade impulsionado pela Medical Cannabis Fair 2025
Publicada em 01/02/2025
Em 2025, a Medical Cannabis Fair será realizada de 22 a 24 de maio no Expo Center Norte, em São Paulo - SP. O evento acontece em paralelo ao Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal
O mercado de cannabis medicinal e cânhamo industrial está em rápida expansão no Brasil e globalmente, abrindo uma série de oportunidades para empresas se desenvolverem e se consolidarem em busca da liderança do setor. Em 2024, esse mercado movimentou R$ 853 milhões e o Brasil e atingiu a marca de 672 mil pacientes, abrangendo mais de 80% dos municípios, de acordo com a Kaya Mind. Em 2025, o faturamento deve ultrapassar R$ 1 bilhão. Em um ambiente competitivo com novos entrantes, planejamento estratégico e visão de mercado são fundamentais para a empresa que deseja alcançar e se manter no topo, segundo Ana Gabriela Baptista, CEO da TegraPharma desde outubro de 2024.
Crescimento acelerado e desafios do setor
De acordo com a executiva, "o mercado da cannabis para fins terapêuticos no Brasil está crescendo de forma acelerada e manter-se na liderança desse setor exige planejamento e visão estratégica". Ela ressalta que a competitividade no segmento exige um entendimento profundo do cenário regulatório, das tendências de consumo e dos avanços científicos.
"Empresas que atuam nesse segmento precisam compreender não apenas o regulatório, mas também as tendências de consumo, os avanços científicos e os desafios logísticos", destaca Baptista. Além disso, a CEO da TegraPharma reforça a importância de um diferencial competitivo claro: "É preciso ter um diferencial competitivo claro, equilibrando bem o tripé preço, prazo e qualidade, além de compor um time vencedor e talentoso, comprometido com o propósito de colocar o paciente no centro da operação".
A estratégia para 2025
A TegraPharma, uma das empresas confirmadas na MCF (Medical Cannabis Fair 2025), busca manter sua posição de destaque no setor ao combinar pesquisa, inovação e ciência. "Mantemos nossa liderança no setor visando um acesso a produtos de qualidade no mercado internacional e o suporte ao paciente juntando pesquisa, inovação e ciência com planejamento para atender às necessidades de um público cada vez mais informado e exigente", afirma a CEO.
Para Baptista, a diferença entre empresas que apenas seguem a tendência e aquelas que lideram está na visão estratégica: "Esse é o tipo de visão estratégica que diferencia empresas que apenas seguem a tendência daquelas que lideram o mercado".
Importação e o cenário regulatório brasileiro
Apesar do avanço do setor, a importação ainda é a principal via de acesso aos produtos à base de cannabis no Brasil. Segundo Baptista, "isso acontece porque os produtos importados oferecem uma melhor relação custo-benefício em termos de preço e concentração de fitocanabinoides".
Ela também ressalta os desafios do cenário regulatório nacional: "O Brasil tem um regime regulatório altamente desafiador e as empresas que souberem operar alinhadas com as exigências certamente ocuparão um espaço de destaque no mercado".
Compromisso e credibilidade
Baptista enfatiza que o desenvolvimento do setor deve ser conduzido com responsabilidade: "Empresas comprometidas com o desenvolvimento do setor garantem que o uso dos fitocanabinoides seja feito de forma responsável, evitando comprometer a credibilidade do setor".
Por fim, a CEO da TegraPharma reforça a importância do planejamento estratégico para a manutenção da liderança no mercado: "Manter-se no topo, como empresa líder, depende, portanto, de vários fatores, mas especialmente do compromisso com planejamento e visão estratégica do mercado".
Tecnologias moldam o mercado
Com o crescimento das tecnologias emergentes e uma base regulatória mais consolidada, este é o momento ideal para as empresas inovarem e explorarem novos horizontes. Franklin Elvas, sócio da Elvas IP, empresa de suporte estratégico e gestão que também está confirmada na MCF 2025, destaca o papel crucial das tecnologias no avanço da indústria, especialmente no desenvolvimento de soluções inovadoras.
"O mercado de cannabis medicinal é terreno fértil para inovações tecnológicas, com grandes potenciais em biotecnologia, genética, nanotecnologia e dispositivos de aplicação. Essas inovações não só impulsionam o crescimento, mas também permitem que empresas se destaquem pela eficiência e qualidade de seus produtos", comenta Elvas.
Segundo Afonso Braga Netto, CEO da Digital Flower, mais uma empresa que marcará presença MCF 2025, a Inteligência Artificial (IA) está se tornando uma ferramenta indispensável no setor de cannabis. Além disso, tecnologias como blockchain, que garantem a rastreabilidade e transparência, e Internet das Coisas (IoT), com sensores inteligentes que monitoram o ambiente de cultivo em tempo real, são essenciais para empresas que se interessam por se destacar no cultivo de cannabis.
Essas ferramentas permitem o controle preciso de fatores como iluminação, temperatura, umidade e nutrientes, garantindo a qualidade do produto final, otimizando e alavancando a atuação de empresas.
Oportunidades de networking na feira de cannabis medicinal
A Medical Cannabis Fair, principal evento B2B e B2P voltado para a indústria e mercado da medicina endocanabinoide, oferece uma plataforma única para empresas do setor se conectarem com especialistas, investidores e outros players do mercado. Na edição mais recente, a feira reuniu mais de 4 mil visitantes, incluindo médicos, veterinários, dentistas e farmacêuticos.
A participação em eventos como a feira de negócios é estratégica para empresas que buscam visibilidade e networking avançado. Além de facilitar a troca de conhecimentos, oferece a oportunidade de entender as demandas atuais e adaptar soluções para atender ao mercado”, ressalta Elvas.
A 4ª edição da Medical Cannabis Fair ocorre entre os dias 22 a 24 de maio de 2025, na Expo Center Norte, São Paulo - SP. Acesse o link [aqui] e garante sua participação no evento mais relevante para especialistas, empresas e profissionais da saúde, focado nos avanços científicos e inovações no uso medicinal da cannabis e do cânhamo industrial.
Perspectivas e inovações
De acordo com o anuário da Kaya Mind, dos 672 mil pacientes de cannabis medicinal no Brasil em 2024, 315 mil utilizam produtos importados pela RDC 660, enquanto outros 208 mil optam por medicamentos registrados sob a RDC 327. Além disso, 147 mil são pacientes atendidos por associações.
A perspectiva de que o mercado atinja a marca de R$ 1 bilhão até o final de 2025, traz novas oportunidades para empreendedores.
“Há oportunidades em diferentes frentes, como o uso de métodos avançados de cultivo, como a hidroponia e a agricultura indoor, que aumentam a produtividade e a qualidade das plantas. Também podemos destacar os avanços nos processos de eliminação e purificação de canabinoides, além das novas tecnologias de liberação que melhoram a biodisponibilidade no organismo”, afirma Elvas.
Qualidade para transformar o mercado brasileiro
A OG Cannabis busca elevar os padrões do mercado brasileiro de CBD, apostando na qualidade e transparência para conquistar consumidores exigentes. Segundo o empresário Lars Burkholder, à frente dos negócios da empresa que irá expor na Medical Cannabis Fair 2025, é fundamental garantir produtos de alto padrão.
"Para nós, a qualidade do produto sempre foi prioridade. Vale lembrar que o CBD passou por uma bolha entre 2018 e 2019, quando se tornou uma febre, especialmente no mercado americano. Isso levou a uma enxurrada de empresas tentando lucrar com a tendência, muitas sem qualquer compromisso com a qualidade. Esse cenário influenciou diretamente os padrões dos produtos que são importados para o Brasil hoje."
O empresário destaca que esse movimento gerou um efeito semelhante ao ocorrido nos EUA e na Europa, onde a falta de qualidade levou à perda de confiança do consumidor. "Hoje, no Brasil, vemos marcas trazendo estoques remanescentes de empresas que já faliram ou estão prestes a falir, e o paciente brasileiro acaba decepcionado—pagando caro por um remédio que não entrega os resultados esperados."
Para garantir um padrão elevado, a OG Cannabis firmou parceria com a East Fork Cultivars, empresa norte-americana reconhecida pelo cultivo artesanal de cannabis e certificação orgânica. "A East Fork é uma das poucas empresas que sobreviveram após o estouro da bolha do CBD. De um lado, há empresas com altíssimo nível de investimento, que compensam a falta de qualidade com marketing. Do outro, estão aquelas que se dedicam com paixão à excelência – e a East Fork faz parte desse seleto grupo."
A empresa também investe em inovação, com produtos como óleos de cepa única e CBD Drops hidrossolúvel, altamente biodisponível e sem THC. "Desde o início, acreditamos em nunca cortar caminho, e sempre buscar a melhor qualidade possível é essencial para nos mantermos à frente da concorrência."
Estratégia e inovação: os pilares para liderar no setor de cannabis
Para se destacar como líder no setor de cannabis, uma empresa precisa ir além de produto e regulamentação – é questão de estratégia. Segundo o consultor de negócios Marcelo Grecco, “ninguém sobrevive nesse setor sem estar 100% dentro das regras. No Brasil, a RDC 660 da Anvisa é o ponto de partida, e quem domina a regulação consegue operar com segurança e se tornar referência para médicos, investidores e parceiros.” No entanto, ele alerta que isso não é suficiente. A inovação tem um papel central, pois o mercado de cannabis medicinal ainda está em construção e depende da confiança dos médicos para crescer. “Se uma empresa não gera essa confiança, não adianta ter um produto excelente – ele não chega ao paciente.” Além disso, ele destaca que “participar de eventos, criar conexões internacionais e entender o que está funcionando lá fora pode acelerar muito o crescimento.”
Diferenciação e engajamento também são fundamentais para criar um posicionamento sólido. Grecco ressalta que “branding e diferenciação são indispensáveis. O mercado está ficando mais competitivo, e só vai sobreviver quem criar uma identidade forte e souber comunicar sua proposta de valor de forma clara e impactante.” Outro fator decisivo é a construção de comunidade, conectando médicos, pacientes, investidores e parceiros para fortalecer o ecossistema da marca. “Empresas que engajam médicos, pacientes, prescritores, investidores e parceiros criam uma rede que se autoalimenta e cresce organicamente.” Para ele, quem souber combinar regulação, inovação, branding, desejo e comunidade estará sempre um passo à frente.
Além disso, Grecco enfatiza que informação por si só não é suficiente para conquistar o mercado – é preciso gerar desejo. “Informação é importante, mas não basta educar o mercado – é preciso criar vontade. No setor medicinal, isso significa tornar a cannabis uma opção desejável para médicos e pacientes, mostrando benefícios reais e criando experiências que conectam.” No cânhamo industrial, ele aponta que o caminho é o mesmo: “não adianta só falar que é sustentável, tem que mostrar por que ele é a melhor alternativa para diferentes indústrias.”