Estudo nos EUA mostra que cannabis pode reduzir sofrimento em pacientes com demência
Pesquisadores da Universidade do Kentucky investigam os efeitos do THC e do CBD em pacientes com demência e Alzheimer, mostrando resultados promissores para melhorar o conforto e a qualidade de vida
Publicada em 18/08/2025

THC e CBD trazem esperança em ensaio clínico para Alzheimer e demência | CanvaPro
A Universidade do Kentucky, nos Estados Unidos, está conduzindo um ensaio clínico que pode abrir novos caminhos para o tratamento de pacientes em estágios avançados de demência e Alzheimer. A pesquisa avalia os efeitos do uso de cannabis medicinal, especialmente os canabinoides THC e CBD, para reduzir a agitação e trazer mais conforto aos pacientes.
Seis meses após o início do estudo, os primeiros resultados já são considerados animadores. Para o neurologista Greg Jicha, professor e líder da pesquisa, o grau de conforto observado nos pacientes e a menor necessidade de outros medicamentos, que costumam causar efeitos colaterais prejudiciais, são realmente surpreendentes.
Apesar dos avanços, o projeto ainda enfrenta um desafio crucial: a falta de voluntários. Com a legalização da cannabis medicinal prevista para entrar em vigor em Kentucky em janeiro de 2025, os pesquisadores esperam que mais famílias se sintam encorajadas a participar.
Mais conforto, menos sofrimento
Ainda de acordo com o Dr. Jicha, a proposta não é reverter a doença ou impedir sua progressão, mas oferecer qualidade de vida. Ele ressalta que, independentemente de curar ou não, o papel do médico é sempre proporcionar conforto.
Os resultados preliminares apontam que a cannabis pode reduzir a dependência de medicamentos tradicionais, muitas vezes associados a efeitos colaterais intensos, e promover um estado de maior tranquilidade para os pacientes, algo que impacta diretamente também os familiares e cuidadores.
Desafios regulatórios e esperança para o futuro
Um ponto importante levantado pelos pesquisadores é que, embora Kentucky tenha aprovado a cannabis medicinal, Alzheimer e demência não constam na lista oficial de condições contempladas pela nova lei. A equipe do médico espera que os dados obtidos no estudo ajudem a mudar esse cenário. O pesquisador fez ainda um apelo público, destacando a necessidade de que dezenas, ou até centenas de pessoas, se engajem para enfrentar o problema e ajudar a transformar essa realidade.
Ainda que a cura para o Alzheimer esteja distante, a ciência aponta para novas possibilidades de cuidado. O Dr. Jicha resume essa visão ao afirmar que, embora um dia a medicina talvez consiga curar o Alzheimer, no momento o foco deve estar em desacelerar a doença nos estágios iniciais e em proporcionar paz e conforto à medida que ela progride.
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