Fim de ano e pressa por resultados: intensificar treinos pode gerar lesões, mas a cannabis pode tratá-las

No fim do ano, muitos brasileiros intensificam os treinos a fim de atingir metas de saúde e estética. Lesões podem acontecer, mas a cannabis pode ajudar

Publicada em 31/12/2024

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Imagem Ilustrativa: IA

A busca por resultados rápidos nos treinos, muitas vezes impulsionada por um “último esforço” antes do fim do ano, pode gerar consequências indesejadas, como lesões musculares e articulares. Conversamos com o dr. Jimmy Fardin, ortopedista com foco em prescrição de cannabis, sobre os cuidados necessários para manter a saúde sem sobrecarregar o corpo num “projeto verão” fitness e sobre como a cannabis pode auxiliar nesse momento.



“Estiramentos musculares e tendinite são as lesões mais comuns” 


De acordo com o ortopedista Jimmy Fardin, as lesões mais comuns no esporte são os estiramentos musculares e as tendinites. Essas lesões acontecem, segundo ele, “por excesso de solicitação do grupamento muscular ou esforço repetitivo com uma carga excessiva”. Ao intensificar o treino no fim do ano para “recuperar o tempo” perdido nos meses anteriores, isso pode facilmente ocorrer.

“Lesões ligamentares, fraturas ou fraturas por estresse são menos comuns, mas também acontecem”, ele lembra. O esporte de alto rendimento exige do atleta estar bem próximo do limite, isso é bem preocupante para a equipe médica que quer ajudar o indivíduo a alcançar o objetivo mas também preservar sua saúde!”

Para atletas, o equivalente à véspera de fim de ano dos não atletas é a véspera das competições. É nesse sentido que Jimmy comenta que “há vários atletas com lesões musculares principalmente próximo das competições, pois são os momentos em que eles intensificam mais os treinos, para estarem plenamente preparados para a prova”. Fica evidente a necessidade de respeitar os limites saudáveis do corpo.



Uso tópico: como agem as pomadas de cannabis


Para tratar lesões, parte do tratamento pode ser tomar remédios por via oral, como anti-inflamatórios e analgésicos, fazer fisioterapia e aplicar pomadas e géis no local machucado, mas o que muitas pessoas ainda não sabem é que também existem as pomadas de cannabis.

Embora não muito conhecido, “o uso tópico [de cannabis] no esporte e até na ortopedia em geral é muito indicado”, comenta Jimmy. Quando a pomada penetra na pele, há “uma absorção, mesmo que baixa, mas com ação local e com bons resultados”. Ele destaca que uma das vantagens “das pomadas e adesivos ou roll on é que podem agir por um tempo maior em um local predefinido”.

A cannabis, nesse caso, age “em receptores cb1, cb2, vaniloides e receptores órfãos”. Uma vez recebida no organismo, entram em ação suas propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e até mesmo antioxidantes. Jimmy lembra que ela ainda pode ser misturada a outros produtos, como mentol, cânfora, copaíba ou arnica.

O ideal seria associar o uso tópico da cannabis com o oral, para que ela realize uma ação mais completa no corpo. No caso de haver maior urgência de se beneficiar com os efeitos da terapia, como em situações de lesão aguda, o uso tópico da cannabis pode promover uma ação mais rápida e localizada, enquanto o uso oral pode demorar um pouco mais para agir. “Pacientes com fibromialgia, tendinite, bursite e dor muscular se beneficiam muito com o uso tópico”, ele relata.



Efeito da cannabis nos treinos


Jimmy diz que “a cannabis pode ajudar muito na recuperação muscular e na diminuição de radicais livres e espécies reativas de oxigênio, que causam inflamações excessivas no atleta”. Como resultado, o tempo de recuperação do atleta diminui, fazendo com que ele consiga voltar melhor e mais rápido aos treinos.

Os benefícios da cannabis para quem treina se estendem até o cérebro. Fardin explica que ela otimiza a ação do Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF), o fator de crescimento neuronal. Como consequência, há melhora nas funções celulares e no metabolismo, o que estimula o crescimento das células neurais e a neuroproteção, explica o ortopedista. Além disso, “o uso da cannabis pode prevenir uma inflamação excessiva neuronal em esportes que tenham concussão, como futebol, futebol americano, rugby e boxe, diminuindo a neurointoxicação”.

Para quem precisa ou quer conciliar treino e cannabis, o ortopedista avisa que “é importante o acompanhamento de um médico do esporte capacitado”. A capacitação do profissional para prescrever cannabis é indispensável, para que ele saiba qual canabinoide deve ser utilizado a depender do esporte que a pessoa pratica.

Outra forma ainda não tão conhecida de utilizar a cannabis para potencializar os treinos é o whey de cannabis. Jimmy afirma que ele “é excelente, pois a semente possui grande quantidade de proteína de origem vegetal, alimentando o sistema endocanabinoide de forma natural”.



Para além da cannabis, o sono de qualidade


Vale lembrar que há inúmeros outros cuidados de saúde obrigatórios para quem treina intensamente e quer evitar lesões. Um dos principais é em relação ao sono, como enfatiza Jimmy: “boas noites de sono, com a arquitetura do sono mantida, sono profundo e REM, com períodos bem estabelecidos, são fundamentais para o crescimento muscular e para a otimização do uso da glicose e insulina, além da produção de hormônios como gH”.