Escritora fala sobre uso de cannabis na gravidez em seu novo livro "Tornar-se mãeconheira"

Contendo textos em estilo de prosa poética e escrita acadêmica, também aborda o racismo, mães que perdem a guarda dos filhos e muito mais

Publicada em 25/03/2024

capa
Compartilhe:

Você sabe o que acontece quando a vida de uma mãe maconheira é atravessada pelo proibicionismo e pela guerra às drogas? Em seu mais novo livro "Tornar-se mãeconheira", a historiadora, tradutora e escritora Maíra Castanheiro traz à tona a história de três mães de gerações e culturas diferentes que sofrem com as consequências da repreensão contra a cannabis e seus usuários.

A obra faz parte da coleção "Mãe Leva Outra", Hecatombe, da editora U\rutau, e está em pré-venda pelo site Benfeitoria. A editora bateu sua primeira meta e arrecadou R$2 mil, essenciais para iniciar a produção do livro. Conforme a Urutau, o processo deve durar cerca de três meses e, após estar finalizado, as vendas acontecerão pelo site da editora e diretamente com a autora da obra. Agora, o objetivo é chegar aos R$4 mil para produzir novas cópias do livro.

Segundo Maíra, o exemplar é um ensaio sobre maternidade e drogas, contendo textos em estilo de prosa poética e escrita acadêmica com referências de pesquisas científicas. "Falo sobre o uso da cannabis durante a gravidez e a amamentação, racismo, drogas, mães que perdem a guarda dos filhos por serem usuárias e/ou produzirem conteúdos canábicos, mães que conseguiram Habeas corpus para cultivo e produzem seu próprio medicamento, todas histórias reais."

Além da relação "maternidade e drogas", a escritora relata vivências próprias, de relação entre uma mãe e sua filha.

 

Imagem2.jpg

Ser mãeconheira:

"O termo começou com um simples trocadilho: mãe e maconheira. Com o tempo, muitas mães se assumiram e a nova palavra deixou de ser uma brincadeira para virar uma ‘bandeira’". Assim, em texto publicado na revista AzMina, Maíra descreve o surgimento da palavra "mãeconheira", adotada por mães que assumem ser usuárias de maconha e defensoras da legalização.

Mãeconheiras que "dão as caras" sofrem com todo o tipo de repressão. Ser associada à cannabis, muitas vezes, já é motivo de preconceito, quando se é mãe e usuária, o cenário é ainda pior:

"Por fumar maconha e falar sobre ser ‘mãeconheira’ na internet, eu perdi empregos e a guarda da minha filha. Nunca foi feito um exame toxicológico, não houve sequer uma conversa com psicóloga ou assistente social para conferir se eu era uma boa mãe e se minha filha estava bem e segura com o pai. Nunca houve uma audiência", relata Maíra.