México abre debate sobre psilocibina

Este é um novo capítulo que começa na história do México. A legislação e a tradição procuram um equilíbrio que reconheça a riqueza cultural da nação sem comprometer a saúde pública

Publicada em 16/11/2023

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Por Lucía Tedesco via El Planteo

A senadora Alejandra Lagunes apresentou recentemente um projeto de regulamento para cogumelos no México. Além disso, a parlamentar fez uma chamada aberta da qual participaram representantes de comunidades, povos indígenas e especialistas.

Seu objetivo é claro: “Acabar com o estigma dos cogumelos psilocibinos ”, para que não sejam mais considerados simplesmente “cogumelos alucinógenos”, explicou a senadora, segundo o ICEERS.

Os cogumelos, conhecidos como teonanácatl, “carne dos deuses” na língua asteca, representam apenas uma fração das 70 mil espécies de cogumelos conhecidas pela ciência, das quais cerca de 7 mil crescem exclusivamente no México. Cerca de 180 dessas espécies possuem propriedades psicotrópicas.

Lagunes busca resgatar os “filhos santos”, como também são chamados esses cogumelos. De que forma? Removê-los da lista de substâncias proibidas. O responsável conta com o apoio do Fundo de Defesa da Ayahuasca (ADF) do ICEERS para conseguir a descriminalização e aspirar à inclusão dos povos indígenas no processo.

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O reconhecimento do direito ao uso ancestral com a legislação proposta causaria a modificação de diversas leis mexicanas, como a Lei Geral de Saúde e o Código Penal Federal. A proposta de Lagunes tem dois objetivos fundamentais: promover a investigação e o uso terapêutico e cerimonial dos cogumelos, em colaboração com as comunidades indígenas, e tornar estes medicamentos acessíveis a todos os cidadãos mediante receita médica nas farmácias.

Por sua vez, Natalia Rebollo , coordenadora da ADF, falou da importância desta iniciativa: “Isto é importante por dois motivos: Por um lado, para a justiça restaurativa de trazer reconhecimento aos povos indígenas que usaram estas substâncias para milhares de anos., mas foram impedidos de usá-los pela perseguição da Inquisição durante 400 anos. E, por outro lado, os direitos que os usuários têm para obter os benefícios terapêuticos proporcionados por esses modelos ancestrais de saúde.”

Este é um novo capítulo que começa na história do México. A legislação e a tradição procuram um equilíbrio que reconheça a riqueza cultural da nação sem comprometer a saúde pública.

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