Mulheres consomem substâncias psicodélicas com mais frequência que homens

O estudo indica que normalmente o consumo é feito, entre elas, para tratar traumas e questões emocionais, enquanto os homens focam no controle da depressão

Publicada em 10/09/2024

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Imagem: Vecteezy

O uso de substâncias para lidar com questões de saúde mental e física tem mostrado diferenças importantes entre os gêneros, especialmente no que diz respeito aos opioides e psicodélicos. Estudos anteriores já haviam indicado que as mulheres utilizam opioides com mais frequência do que os homens, especialmente para o tratamento da dor crônica e emocional. Contudo, esse padrão também se refletido no uso de substâncias psicodélicas, que têm ganhado popularidade como alternativas terapêuticas para condições como ansiedade, depressão e traumas.

Uma pesquisa global realizada em 2020, destacou que as mulheres estão mais inclinadas a consumir substâncias psicodélicas do que os homens, com foco em questões como traumas e transtornos mentais. Esses dados revelam uma diferença significativa nos padrões de consumo entre os gêneros e suas motivações.

 

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Após décadas de proibição, os psicodélicos são cada vez mais utilizados como opção terapêutica e substâncias como cetamina, MDMA e cogumelos com psilocibina estão sendo estudados em ensaios clínicos para tratar depressão, abuso de substâncias e uma série de outras doenças. | Imagem: Vecteezy

 

O levantamento mostrou que 35% das mulheres preferem o MDMA como substância psicodélica, seguida do LSD com mais de 25% de preferência. Já entre os homens, o LSD lidera, com cerca de 39%, enquanto 22% deles optam por cogumelos com psilocibina. Além disso, os motivos para o consumo dessas substâncias divergem. Enquanto 40% dos homens relataram usar psicodélicos para tratar a depressão, 31% das mulheres fazem o mesmo, mas, de acordo com o estudo, elas são mais propensas a usar essas substâncias para o tratamento de traumas emocionais e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Esses dados refletem uma realidade até então pouco conhecida, revelando que mulheres são mais suscetíveis a condições como depressão, ansiedade e TEPT, relatando essas condições em taxas significativamente mais altas do que os homens. Isso ajuda a explicar por que o consumo de psicodélicos, reconhecidos pelo potencial terapêutico no tratamento dessas questões, tem atraído um número maior de usuárias.

Além disso, a pesquisa destacou que o uso recreativo de substâncias psicodélicas não se traduz em abuso para maioria dos entrevistados de ambos os sexos. Apenas 4,6% dos homens e 2% das mulheres indicaram que o abuso de substâncias era uma motivação para o consumo de psicodélicos. Em contrapartida, quase 90% dos participantes disseram que repetiriam a experiência em um ambiente seguro e legalizado, ressaltando o potencial positivo destes compostos em contextos terapêuticos.