Não teria jogado sequer cinco anos na NFL se não fosse a cannabis, diz lenda do esporte americano
A maior vantagem da cannabis durante a trajetória do ex-atleta foi não precisar usar remédios convencionais, normais no meio esportivo
Publicada em 18/07/2024
Durante período difícil na carreira, Ricky Williams encontrou na cannabis uma maneira de dar a volta por cima e conquistar o premio de melhor jogador universitário dos Estados Unidos/ Imagem: vecteezy
O ex-atleta de futebol americano, Ricky Williams, que jogou por 11 anos na NFL, falou sobre sua experiência transformadora com a cannabis, durante entrevista para o site On3.
Em 1998, enquanto disputava o campeonato universitário, Williams teve um início de temporada difícil, com derrotas e problemas familiares. Após um colega lhe apresentar a planta, Williams sentiu os “ruídos saindo de sua mente”, permitindo que ele “ouvisse sua voz interna”.
Em campo, o atleta correu mais de 300 jardas em cada um dos dois jogos seguintes, quebrou recordes e, ao fim da temporada, venceu o troféu Heisman, prêmio de melhor jogador universitário dos Estados Unidos.
Hoje, olhando para trás, o ex-atleta entende que não teria passado nem cinco anos na NFL se não fosse a maconha. Principalmente por conta da “montanha-russa emocional” proporcionada pelo esporte de alto nível.
Substituta de medicamentos convencionais
Segundo Williams, o maior benefício do uso da cannabis durante sua carreira foi não precisar usar remédios convencionais. “Depois de um jogo difícil, é comum o treinador andar pelos corredores com Ambien (Zolpidem) e Vicodin” - indutor de sono e bloqueador da dor, respectivamente.
Para ele, é comum ouvir de seus ex-companheiros de time: “você estava certo. Eu queria ter escutado e usado a cannabis”. Segundo Williams, o estigma e o preconceito impedem as pessoas de experimentar o tratamento com a planta.
Medicina canabinoide e esporte
“Hoje em dia precisamos entender o atleta como um todo. Às vezes, fatores externos influenciam mais que o desempenho físico. O componente psicológico, a regulagem do sono, a boa alimentação, tudo é importante”, comenta o médico Pedro Melo, que ressalta a eficácia da medicina canabinoide na rotina do atleta profissional.
Segundo o fundador da cbd.sports, o CBD (canabidiol), apresenta efeitos analgésicos e anti-inflamatórios, participando da recuperação muscular, principalmente nas micro-lesões, comuns em atletas de esportes com contato.
Já os produtos ricos em THC (tetrahidrocanabinol) são dilatadores pulmonares, capazes de aumentar a capacidade respiratória e o controle muscular do atleta. Além disso, atuam no foco e motivação, sendo indicados para o período pré-ativida.
Para o médico, além de todas essas propriedades, os medicamentos à base de maconha ainda auxiliam no “desmame da polifarmácia”, diminuindo o consumo de medicamentos químicos. “A cannabis não gera dano a curto, médio e longo prazo para o atleta. Eles estão abrindo a cabeça para essa nova forma de medicação”, finaliza Melo.