Duas novas espécies de cogumelos do gênero Psilocybe, conhecidos por conterem psilocibina — o composto psicodélico presente em cogumelos — foram identificadas na África Austral, em áreas até então inexploradas pela ciência ocidental.

Um autodidata no estudo de fungos, chamado Talan Moult, descobriu a espécie Psilocybe ingeli nas montanhas da província de KwaZulu-Natal, na África do Sul. Já o Psilocybe maluti foi redescoberto graças ao conhecimento tradicional transmitido pela tribo Basotho.

Características das espécies de cogumelos psicodélicos

A descoberta acidental do Psilocybe ingeli revelou que ele possui características físicas distintas: cogumelos de cor marrom, com caules finos e gorros delicados e estriados, variando de marrom claro a bege. Em comparação com outras espécies próximas, os gorros do Psilocybe ingeli são mais cônicos, diferindo de espécies relacionadas, como Psilocybe silvatica, que possui gorros mais largos e achatados. Essa nova espécie também é parente próxima do Psilocybe keralensis, descoberto em Kerala, na Índia.

O Psilocybe maluti foi encontrado nas terras altas do Lesoto, um país montanhoso no sul da África. Essa espécie cresce principalmente em áreas rurais onde há criação de animais, como pilhas de esterco de vaca. As comunidades indígenas Basotho, das terras altas do Lesoto, já conheciam este cogumelo, que chamam de koae-ea-lekhoaba. Por gerações, ele tem sido utilizado em cerimônias tradicionais, preparado por imersão em água morna junto com Boophone disticha (conhecida localmente como leshoma) para criar uma decocção que induz estados de transe em rituais espirituais.

Os gorros do Psilocybe maluti são alongados, pontiagudos e castanhos dourados, o que os distingue de outras espécies do mesmo gênero. Eles têm caules grossos de cor creme. Apesar de serem parentes próximos do Psilocybe chuxiongensis, uma espécie descoberta na China, o Psilocybe maluti apresenta morfologia distinta, com gorros mais planos e detalhes dourados, justificando sua classificação como uma nova espécie.

Conteúdo publicado originalmente em El Planteo