Paciente com DTM e bruxismo conquista primeiro HC odontológico do Brasil
Lucas relembra momentos em que desgastava e até mesmo quebrava seus dentes durante a noite, por conta das patologias
Publicada em 15/08/2024
Lucas Schmidt e planta de cannabis. Imagem: Instagram @LucasCultiva
Desde a adolescência, Lucas Schmidt apresenta sintomas de ansiedade e hiperatividade, que evoluíram para crises de pânico. Como consequência, o catarinense desenvolveu uma dor orofacial conhecida como Disfunção Temporomandibular (DTM), relacionada ao bruxismo. “Eu sonhava que meus dentes estavam quebrando, e, na verdade, eles realmente estavam, pois eu passava a noite rangendo os dentes”, comenta Lucas, que relata sofrer com essas condições há mais de 20 anos.
Segundo o empresário, dono da marca Cultiva Growshop, antes de iniciar o tratamento com cannabis, era comum acordar com os músculos do rosto inflamados. “Às vezes, eu acordei com pedaços de dente quebrados dentro da boca”, relata. A inflamação, a dor e o cansaço eram tão intensos que, na manhã seguinte, ele não conseguia nem se alimentar.
Antes de começar o tratamento com produtos à base de cannabis, Lucas passou por psicólogos, psiquiatras e dentistas, testando diversos medicamentos, como bupropiona e venvanse, que pioraram seu bruxismo, além de anti-inflamatórios. "Foram mais de dez anos de testes sem sucesso", relata.
Terapia Canabinoide
Cerca de quatro anos atrás, Lucas importou seu primeiro óleo à base de CBD (canabidiol). “As dores e a melhora diminuíram significativamente, e minha qualidade de vida mudou”, comenta.
Devido ao sabor dos produtos importados, Lucas optou por consumir cápsulas moles ou gomas de CBD. "Até hoje, uso esses produtos, e eles me ajudam nos momentos de crise. Fico mais tranquilo. Não curei completamente, pois meu estilo de vida é estressante, mas nunca mais quebrei os dentes", relata.
Auto cultivo
“Quando estou muito estressado ou em crise, a vaporização é o método que melhor me ajuda”, explica Lucas, acrescentando que a proibição da importação de flores in natura pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no ano passado, foi o “ estopim" que o levou a buscar um Habeas Corpus.
Há mais de 18 meses, Lucas entrou em contato com o advogado Murilo Nicolau e com a Dra. Rafaela da Rosa para iniciar o processo de pedido de salvo-conduto para o cultivo artesanal de cannabis para fins medicinais.
Conforme decisão ferida pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), Lucas tem autorização para cultivar 15 mudas a cada três meses, totalizando 60 por ano, enquanto durar o tratamento odontológico. De acordo com pesquisa realizada pelo advogado Murilo Nicolau, este foi o primeiro Habeas Corpus odontológico do Brasil.