Psilocibina reorganiza redes corticais de grande escala no cérebro, revela estudo inovador
Estudo mostra que a psilocibina promove uma reorganização seletiva das conexões cerebrais, fortalecendo vias sensoriais e subcorticais e enfraquecendo circuitos de feedback entre regiões corticais
Publicada em 26/12/2025

Imagem: Canva Pro
Um novo estudo mostra que a psilocibina, composto psicodélico presente em cogumelos, é capaz de reorganizar grandes redes corticais do cérebro de maneira dependente da atividade neuronal. A pesquisa utilizou técnicas avançadas de rastreamento neural para mapear como a substância modifica conexões cerebrais associadas à percepção, cognição e regulação emocional.
Os resultados indicam que a psilocibina fortalece circuitos que direcionam informações sensoriais para regiões subcorticais, enquanto enfraquece conexões ligadas a loops recorrentes entre áreas corticais, sugerindo um redesenho seletivo da arquitetura funcional do cérebro.
Como o estudo foi conduzido
Os pesquisadores aplicaram uma técnica conhecida como monosynaptic rabies tracing, que utiliza uma versão geneticamente modificada do vírus da raiva para mapear, com alta precisão, as conexões entre neurônios. O método permite identificar quais regiões do cérebro enviam sinais diretamente para neurônios piramidais do córtex frontal medial, antes e após a administração da psilocibina.
Principais achados
Conectividade específica por rede cerebral: A psilocibina não atua de forma generalizada, mas promove mudanças seletivas em redes específicas.
Fortalecimento de vias sensoriais e subcorticais: Conexões oriundas de regiões perceptivas e da rede medial — considerada análoga à default mode network em humanos — foram reforçadas.
Redução de feedback cortico-cortical: Entradas associadas a circuitos de retroalimentação entre áreas corticais apresentaram enfraquecimento.
Plasticidade dependente da atividade neural: A reorganização sináptica depende da atividade elétrica dos neurônios durante o efeito da substância; ao silenciar regiões específicas, os pesquisadores impediram o “rewiring” induzido pela psilocibina.
Implicações terapêuticas
Estudos clínicos vêm demonstrando que a psilocibina pode gerar efeitos terapêuticos duradouros em quadros como depressão maior e depressão resistente ao tratamento, mesmo após uma única dose. Os novos dados ajudam a explicar esse fenômeno, ao mostrar que a substância promove plasticidade estrutural de longa duração, como o crescimento de espinhas dendríticas — pontos fundamentais de comunicação entre neurônios.



