“Start low, go slow”: a regra que guia o uso seguro da cannabis medicinal

A médica Beatriz Milani explica como o princípio “Start low, go slow” orienta o uso seguro e personalizado da cannabis medicinal, garantindo ajustes cuidadosos e a menor dose eficaz para cada paciente

Publicada em 09/12/2025

“Start low, go slow”: a regra que guia o uso seguro da cannabis medicinal

Por que começar devagar importa no tratamento com cannabis medicinal | CanvaPro

Quando um paciente inicia um tratamento com cannabis medicinal, uma frase costuma aparecer logo na primeira consulta: “Start low, go slow.” O conselho, repetido por médicos em diferentes países, resume uma abordagem que prioriza segurança, personalização e respeito ao ritmo biológico de cada organismo.


Traduzido como “comece baixo e vá devagar”, o método orienta a iniciar o uso com doses pequenas e aumentar gradualmente. A ideia é simples, mas fundamental: observar como o corpo reage e evitar tanto efeitos indesejados quanto a falta de eficácia.


 

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“Start low, go slow’ garante segurança e a menor dose eficaz”, diz Beatriz Milani | Foto: Divulgação

A médica Beatriz Jacob Milani, que atua no tratamento de dor crônica e é estudiosa da cannabis medicinal, explica que esse princípio é um dos pilares da boa prática clínica. “‘Start low, go slow’ significa iniciar com doses baixas e aumentar progressivamente, permitindo encontrar a dose mínima eficaz, com segurança e boa tolerabilidade”, afirma.


Segundo Beatriz, a estratégia faz sentido porque o sistema endocanabinoide funciona de forma muito particular em cada pessoa. Genética, composição corporal, idade, comorbidades e até a maneira como cada organismo metaboliza os fitocanabinoides influenciam diretamente a resposta ao tratamento. “O sistema endocanabinoide é altamente individual, e isso exige uma condução cuidadosa desde o início”, reforça.


Ajustes feitos passo a passo


No acompanhamento clínico, a lógica também permanece: devagar se vai mais longe. Os ajustes de dose são feitos com base na resposta do paciente, se houve melhora da dor, mais qualidade de sono, redução da ansiedade ou controle do sintoma que motivou a prescrição. Tudo isso sem perder de vista a tolerabilidade.


“Ao ajustar a dose, observamos principalmente a resposta clínica e os possíveis efeitos adversos”, explica a médica. Ela destaca que outros fatores entram na conta, como idade, presença de doenças associadas, interações medicamentosas e o tipo de produto utilizado, seja um CBD isolado ou extratos com diferentes proporções de fitocanabinoides.


Esse acompanhamento gradual é o que permite alcançar a chamada “menor dose eficaz”, ponto em que o paciente obtém o benefício desejado com o mínimo de riscos. “O ajuste lento garante um tratamento mais seguro, personalizado e coerente com a variabilidade interindividual”, completa.