<strong>Será a cannabis o ouro verde do agronegócio?</strong>

Especialistas debatem o potencial do plantio do cânhamo para o desenvolvimento da economia no Congresso de Cannabis Medicinal promovido pela Sechat.

Publicada em 07/05/2023

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Por Thaís Castilho

“Para o Brasil alcançar um estágio amplo de produção a discussão não deve ser apenas sobre o preço final dos produtos de cannabis, pois há várias vantagens e benefícios a partir do cultivo em território nacional, que inclui uma indústria verticalizada”. A opinião foi dada por Rafael Arcuri, diretor executivo da Associação Nacional do Cânhamo Industrial (ANC) e especialista em direito regulatório, durante a sua palestra na segunda edição do Congresso de Cannabis Medicinal, promovido pela plataforma Sechat e realizado em 4 e 5 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo. 

Arcuri explicou que “para termos aproveitamento da planta como um todo, não somente raízes, folhas, caules, sementes ou flores, é preciso estimular a  criação de conhecimento nacional, tecnologia, geração de emprego e investimento”.

Quase 100% do mercado nacional é abastecido pelas importações

Hoje, mais de 95% dos insumos utilizados para a produção de remédios à base de cannabis no Brasil são importados, ou seja, as empresas precisam trazer de fora a matéria-prima para fabricação das formulações, sendo que há todas as condições de plantio favoráveis.

O fato expõe o país a um cenário geopolítico muito específico e instável pois, se o acesso ao medicamento depende do mercado externo, qualquer falha no percurso compromete os tratamentos. Além disso, o capital direcionado para a importação deixa de ser aplicado para o desenvolvimento dessa indústria no país.

O clima e solo brasileiros

O Brasil possui clima e solo ideais para o cultivo mas, o fato de a planta ser proibida , o desenvolvimento da indústria fica amarrado e como consequência afeta a soberania nacional no que tange ao segmento de cânhamo. Tal gargalo acaba dificultando a entrada de investimento estrangeiro. 

De acordo com o especialista, para alcançarmos  uma condição competitiva com outros mercados, como a China que já tem mais de 400 mil hectares cultivados ou os EUA que já atuam no segmento há cerca de 10 anos, é importante criar um pensamento estratégico como Estado para  aproveitarmos as oportunidades geradas com o cânhamo industrial.

Isso envolve pensar numa inovação bem-sucedida a baixo custo avaliando os riscos, pois o caminho é de pesquisa, tentativa e erro e isso demanda tempo. Portanto, quanto antes os poderes legislativo e executivo assumirem essa pauta, mais rapidamente o Brasil avançará em um setor que cresce a passos largos em boa parte do mundo.