Cultivo de cânhamo industrial pode tornar o Paraguai como um país carbono neutro

Empresa paraguaia tem o primeiro, e único até o momento, certificado de carbono positivo para a produção de cânhamo no mundo.

Publicada em 24/02/2022

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Por Jacqueline Passos

Todo mundo já sabe que cânhamo e sustentabilidade combinam e essa combinação pode ser benéfica para a sociedade e para o meio ambiente. Pensando nisso, um grupo de empresas paraguaias decidiu inovar. O projeto da Hemp Hub Paraguay pode transformar o país em carbono neutro através do cultivo de cânhamo industrial. Atualmente, o conglomerado de empresas já possui uma certificação internacional - emitida pela SGS USA, empresa líder mundial em testes, inspeção e certificação - que valida o cultivo de cânhamo como carbono positivo. Até então, eles são os únicos a conquistar esse feito.

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Mas quais são os benefícios deste tipo de certificação para a população?

Há algum tempo, o planeta Terra vem sofrendo vários efeitos das ações humanas, como as mudanças climáticas, o aquecimento global e o efeito estufa. Com o aumento nas emissões de gases na atmosfera, principalmente do dióxido de carbono (CO2), há uma maior concentração desses compostos na camada que cobre a Terra, deixando-a cada vez mais espessa e retendo mais calor no planeta. Com isso, cria-se um efeito estufa, que provoca o aquecimento global e, consequentemente, as mudanças de temperatura e seus respectivos efeitos, como aumento ou redução da quantidade de chuva, maior frequência de temporais, temporada mais intensa de furacões, aumento ou redução da umidade do ar e outras questões.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), a temperatura média do planeta subiu 1,1 grau desde a segunda metade do século XIX, por conta da Revolução Industrial. E o futuro não deve ser diferente, de acordo com projeção da revista Science, a temperatura da atmosfera terrestre poderá subir de 2 a 5 graus Celsius até o ano 2100.

Atualmente, já existem iniciativas mundiais para diminuir as consequências desse fenômeno, como o Acordo de Paris – que substitui o Protocolo de Kyoto (1997) – criado em 2015 e assinado por 195 países, que firmaram o compromisso de lutar para que o aumento da temperatura média do planeta fique abaixo de 2ºC dos níveis pré-industriais. Por isso, iniciativas como a da Hemp Hub Paraguay, que planeja equilibrar as emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera por meio do cultivo do cânhamo industrial são importantes. 

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O projeto da Hemp Hub Paraguay

A empresa divide a iniciativa em duas frentes: social e ambiental. No âmbito do meio ambiente, a certificação ISO emitida pela SGS USA, deve tornar, até 2025, o Paraguai em um país neutro em carbono. Isso porque a empresa já possui a meta de atingir o cultivo de 100.000 hectares de cânhamo industrial. Quanto ao impacto social, o grupo, em parceria com o governo paraguaio, já tem programas de inclusão de indígenas nativos, o Hemp Guarani, algo também pioneiro no mercado. Em novembro de 2021, a comunidade Indígena Chiripá de Mbói Jagua foi a primeira a aderir ao programa social. Além de todo o suporte técnico e agronômico e apoio financeiro, a Hemp Hub também oferece sementes e garante a compra de toda a produção por um preço pré-estabelecido. 

Segundo Thiago Patriota, Chief Marketing Officer da Hemp Hub Paraguay, “Isso significa que quanto mais produtos derivados de cannabis fabricamos (Alimentos, suplementos, cosméticos e fitoterápicos), maior é o impacto socioeconômico e ambiental do nosso projeto. O programa Hemp Guarani tem sido um sucesso e já temos cultivadores parceiros em mais de 11 estados do Paraguay.”

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A iniciativa, inclusive, foi comentada por Lorenzo Rolim da Silva, presidente da LAIHA (Associação Latino-Americana de Cânhamo Industrial), que é parceira do projeto da Hemp Hub, em coluna para este portal.

"O destaque é a inclusão de comunidades indígenas, que receberam sementes por doação das empresas (Healthy Grains e Irupe SA) e assistência técnica para o cultivo diretamente do Ministério da Agricultura em colaboração com com os técnicos das empresas. Podemos dizer hoje que o Paraguai é o primeiro país que se tem notícia em que o Governo está apoiando a produção de Cânhamo em comunidades indígenas locais, levando mais uma alternativa de renda para esses povos originários e promovendo a educação através dos técnicos do Ministério."

Lorenzo Rolim da Silva

O projeto ressalta também os benefícios econômicos para o país, pois o Paraguai caminha para se tornar uma potência mundial na indústria do cânhamo. Só no ano passado, o país exportou cerca de 20 toneladas de insumos para todo mundo, fazendo as autoridades locais comemorar essa expansão econômica. Suas contribuições são das mais variadas, que vão de pesquisas a exportação de insumos para outros países, ação essa que vem gerando riquezas, ofertas de trabalho e desenvolvimento econômico de uma forma nunca antes vista no país. Por aqui, esperamos que projetos como esse inspirem as empresas nacionais ou, quem sabe até os governantes, para que toda a América Latina possa crescer com as possibilidades que o cânhamo oferece.