Brasil desperdiça potencial da cannabis com regulação limitada, diz Pedro Sabaciauskis

Ativista e presidente da Santa Cannabis critica normas restritivas e destaca oportunidades para o setor agroindustrial

Publicada em 27/12/2024

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Imagem Ilustrativa: Canva Pro

Pedro Sabaciauskis, empresário, ativista e presidente da Associação Santa Cannabis, apontou a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o uso farmacêutico da cannabis como um passo tímido, mas significativo. Segundo ele, a medida tira da inércia os órgãos reguladores, que ainda enfrentam dificuldades em definir um caminho claro para a regulação.

“Regular o cânhamo no Brasil sem permitir o uso das fibras para fins industriais é um erro. Estamos desperdiçando uma oportunidade de usar o ‘descarte de luxo’, de alto valor agregado, de maneira inteligente e sustentável”, afirmou Sabaciauskis. Ele também criticou o limite de 0,3% de THC imposto pela regulação, destacando que essa restrição é um desafio em um país tropical como o Brasil, onde as condições climáticas influenciam diretamente o cultivo.

Outro ponto levantado pelo ativista foi a exigência de cultivo indoor. “Essa soma de erros pode inviabilizar a produção nacional e a competitividade, especialmente diante da bolha mundial de CBD, que derrubou os preços”, alertou.

Brasil pode liderar regulação de novos canabinoides

Para Sabaciauskis, o Brasil tem o potencial de se destacar no mercado global de cannabis ao regular não apenas o CBD, mas também outros canabinoides, como THC, CBG, CBN e THCV. Ele acredita que o país pode aproveitar o atraso regulatório para adotar soluções inovadoras.

“Nossa síndrome de vira-lata é tão institucional que copiamos os erros dos gringos com medo de fazer melhor. A solução seria criar uma lei que regulamente todos os canabinoides e libere as pesquisas sem restrições”, destacou.

O empresário também criticou a dependência de insumos importados, alertando para riscos relacionados à fiscalização da qualidade e à entrada de produtos vencidos. “O grande perigo é quando o insumo para medicamentos vem de fora. Não temos controle adequado para garantir a qualidade desses produtos”, afirmou.

Oportunidades no setor agroindustrial e na cadeia produtiva global

Além do uso medicinal, Sabaciauskis defende que o Brasil deve expandir o debate para o uso industrial e recreativo da cannabis. Ele enfatizou o potencial da planta como uma solução abrangente para diversos setores.

“A cannabis é uma planta sagrada e muito generosa. Precisamos ser generosos com ela, permitindo que beneficie nosso país em todas as esferas: medicinal, industrial e recreativa”, disse.

Segundo o ativista, o aproveitamento da cannabis poderia impulsionar setores como saúde, fibras, cosméticos, alimentação, energia, bem-estar, turismo e entretenimento. Ele destacou que a regulamentação mais ampla da planta poderia beneficiar desde o agronegócio até a agricultura familiar, além de grandes indústrias e farmácias de manipulação.

“Que venha a discussão do industrial e do recreativo!”, concluiu Sabaciauskis, reforçando a necessidade de um debate amplo e inclusivo sobre o futuro da cannabis no Brasil.