A cannabis está se consolidando como uma alternativa ao álcool nos Estados Unidos, segundo nova análise da Bloomberg Intelligence (BI). Os dados indicam um aumento significativo no número de consumidores que substituem bebidas alcoólicas por maconha, reflexo da expansão da legalização em nível estadual e da mudança na percepção de danos.
 

Substituição de álcool por cannabis atinge novo patamar

Cerca de 44% dos entrevistados afirmaram que utilizam a cannabis em lugar do álcool, um crescimento expressivo em relação aos 33% registrados na pesquisa de 2022. Além do álcool, a maconha também vem sendo usada como substituta para cigarros e analgésicos, embora em menor escala.

“Os consumidores estão cada vez mais inclinados a usar a cannabis no lugar de substâncias consideradas mais nocivas, como álcool e opioides,” destacou o relatório, que entrevistou mais de 2.500 americanos em dezembro de 2023.

Pressão sobre a indústria de bebidas

A substituição tem afetado diretamente grandes produtores de bebidas alcoólicas. Empresas como Constellation Brands, dona de marcas como Corona e Modelo, enfrentam quedas de até 16% no valor de suas ações, segundo a BI. Essa mudança de comportamento também gerou interesse de gigantes como Altria e British American Tobacco, que já estabeleceram parcerias com produtores canadenses de cannabis, prevendo uma eventual legalização federal nos EUA.

Percepção de segurança e potencial terapêutico

Paralelamente, pesquisas apontam que os americanos consideram a cannabis menos prejudicial do que álcool, tabaco e opioides. Estudos recentes mostram que o consumo diário de maconha já supera o de álcool no país.

Além disso, a cannabis medicinal tem sido analisada como um substituto mais seguro para opioides, com estudos indicando sua eficácia em tratamentos de transtornos relacionados ao uso dessas substâncias. “Há uma possibilidade distinta de que o uso de cannabis em modelos de redução de danos aumentará”, concluiu uma revisão publicada na revista Addiction.

Impacto na saúde e no mercado

Enquanto a expansão da cannabis coloca em xeque o domínio da indústria de bebidas, sua aceitação como uma alternativa menos nociva pode reconfigurar mercados e políticas públicas. A evolução da percepção e os avanços científicos sugerem que o papel da cannabis na sociedade americana está longe de atingir seu limite.