Estudo com investimento de US$ 20 mil vai investigar eficácia da cannabis na cicatrização de fraturas

Pesquisa da Sociedade Americana de Ortopedia do Pé e Tornozelo avalia se canabinoides não psicotrópicos ajudam na regeneração óssea em modelos animais

Publicada em 09/06/2025

cannabis pode melhorar a cicatrização de fraturas? estudo recebe financiamento de US$ 20 mil para investigar potencial terapêutico

Imagem: Canva Pro

A Sociedade Americana de Ortopedia do Pé e Tornozelo (AOFAS) anunciou o apoio a 12 projetos inovadores por meio de seu Programa de Bolsas de Pesquisa, com recursos que somam mais de US$ 258 mil. A iniciativa, promovida em parceria com a Orthopaedic Foot & Ankle Foundation, tem como objetivo fomentar estudos que avancem o tratamento de condições que afetam o pé e o tornozelo.

Entre os contemplados, destaca-se a pesquisa “Canabinoides não psicotrópicos podem melhorar a cicatrização de fraturas em um modelo neuropático murino”, que recebeu financiamento de até US$ 20 mil. O projeto investiga compostos da planta popularmente conhecida como maconha, como o CBD (canabidiol), que oferecem benefícios terapêuticos sem os efeitos psicoativos do THC (tetra-hidrocanabinol), auxiliando na dor, inflamação e cicatrização óssea.

 

Canabinoides como aliados na consolidação óssea

 

Um estudo experimental publicado em novembro de 2023 no periódico Journal of Bone and Mineral Research (JBMR) trouxe dados promissores sobre a discussão. 

Os cientistas por trás da iniciativa avaliaram os efeitos de canabinoides como o CBD (canabidiol) e o CBG (canabigerol) na recuperação de fraturas em modelos murinos.

Segundo os resultados, camundongos com fratura da tíbia tratados com CBD ou CBG apresentaram melhora na marcha e normalização da sensibilidade à dor. “Os resultados demonstram que o CBD e o CBG são tão eficazes quanto os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) na normalização da dor em membros fraturados”, destacam os autores.

Além disso, os parâmetros de marcha foram normalizados, sugerindo melhor carga no membro lesionado e possível contribuição para uma cicatrização mais eficiente.

 

Como a cannabis atua no processo inflamatório


Um dos mecanismos explorados é a modulação do sistema imune. Os pesquisadores explicam que o CBD apresenta propriedades anti-inflamatórias e imunossupressoras, com ação tanto nas respostas inatas quanto adaptativas do organismo.

Também foi relatado que o di-hidroxi-CBD, um derivado do canabidiol, suprime dores neuropáticas crônicas e inflamatórias persistentes, enquanto o CBG se destaca por seus efeitos analgésicos e anti-inflamatórios.

 

Estímulo a novos pesquisadores e ciência translacional

 

A AOFAS também anunciou incentivos a pesquisadores iniciantes, com bônus de pontuação para quem se candidatou pela primeira vez. Dois prêmios foram dedicados a residentes de ortopedia, enquanto outros dois reconheceram cientistas com menos de 10 anos de carreira.