Como importar produtos de cannabis no Brasil: guia completo para pacientes
Saiba como acessar medicamentos, os requisitos da Anvisa e o impacto do mercado de importação no Brasil
Publicada em 19/11/2024
Imagem: Canva
A regulamentação da importação de produtos à base de cannabis no Brasil, por meio da Resolução RDC 660/2022, tem garantido acesso legal a tratamentos inovadores. Para muitos pacientes, essa é a única forma de obter medicamentos que não estão disponíveis no mercado nacional. Com uma estrutura clara e números crescentes, o setor se consolida como um dos mais promissores na área de saúde e bem-estar.
Um mercado em crescimento
De acordo com dados da Kaya Mind, a importação de produtos derivados de cannabis movimenta um mercado robusto, mas ainda concentrado. Aproximadamente 250 empresas atuam mensalmente no Brasil, sendo que as 30 maiores concentram a maior parte das operações.
Os produtos medicinais representam mais de 90% do mercado, liderados pelos óleos ricos em Canabidiol (CBD), amplamente prescritos para condições como epilepsia, dores crônicas e transtornos de ansiedade. Além disso, produtos de beleza à base de cannabis têm atraído atenção, oferecendo soluções com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Embora ainda representem uma fatia menor devido a regulamentação vigente, que não permite canabinoides na composição de produtos que não sejam de via oral ou inalatória, estão em ascensão devido ao interesse crescente por cosméticos naturais e funcionais.
Atualmente, 80% das cidades brasileiras possuem ao menos um paciente cadastrado para a importação de produtos à base de cannabis, o que demonstra a abrangência dessa alternativa terapêutica no país, que conta atualmente com mais de 300 mil pacientes.
Passo a passo para importar produtos derivados de cannabis
Pacientes que desejam acessar produtos à base de cannabis no Brasil devem seguir um processo regulamentado pela Anvisa. Embora exija atenção aos detalhes, o procedimento é acessível, eficiente e tem prazos definidos.
1. Consulta Médica e Prescrição
O processo começa com a consulta a um médico habilitado, que avaliará a condição do paciente e prescreverá o produto adequado.
A prescrição deve conter:
- Nome completo do paciente;
- Nome comercial do produto (não são aceitos termos genéricos como "CBD" ou "óleo de cannabis");
- Dose diária recomendada;
- Assinatura, registro e conselho profissional do médico.
2. Cadastro no Portal da Anvisa
O paciente ou seu representante legal deve acessar o portal da Anvisa e preencher o Formulário de Importação e Uso de Produtos Derivados de Cannabis. A prescrição médica deve ser anexada no sistema.
Tempo estimado: O preenchimento do formulário leva cerca de 15 minutos.
3. Solicitação de Autorização
Após o envio do formulário e da documentação, a Anvisa realiza a análise do pedido em até 10 dias corridos.
A autorização, válida por 2 anos, permite que o paciente realize importações periódicas conforme a necessidade.
4. Importação do Produto
Com a autorização em mãos, o paciente ou seu representante pode importar diretamente o produto autorizado. A entrega é realizada por fornecedores internacionais, e os itens são liberados nos postos da Anvisa localizados em aeroportos e áreas de fronteira.
5. Uso Seguro e Monitoramento
O paciente deve armazenar e utilizar o produto conforme indicado na prescrição médica, mantendo os documentos atualizados para apresentar às autoridades, caso necessário.
Veja o vídeo:
Benefícios e impactos do modelo de importação
A regulamentação tem permitido que pacientes brasileiros acessem tratamentos personalizados e diversificados. Profissionais da saúde, de especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), prescrevem produtos à base de cannabis com frequência crescente, reforçando a confiabilidade e a eficácia dessa abordagem.
Com um sistema regulamentado e números promissores, a importação de produtos à base de cannabis no Brasil se consolida como uma alternativa fundamental para pacientes que buscam qualidade de vida e tratamentos modernos. Apesar dos desafios, como custos elevados e burocracias, o setor continua avançando, atendendo a uma demanda crescente e promovendo o acesso à saúde de maneira legal.