Estudo aponta que doses baixas de cannabis podem reverter o envelhecimento do cérebro

Pesquisadores exploram o potencial do THC como terapia antienvelhecimento, destacando seus efeitos na cognição e longevidade em estudo com ratos

Publicada em 13/01/2025

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Imagem Ilustrativa: Canva Pro

Um estudo liderado pelo pesquisador alemão Andreas Zimmer, em colaboração com o Hospital Universitário de Bonn (UKB), da Universidade de Bonn e a Universidade Hebraica de Jerusalém, revelou que doses baixas de tetraidrocanabinol (THC), principal composto psicoativo da cannabis, podem reverter o envelhecimento do cérebro. A pesquisa, publicada na ACS Pharmacology & Translational Science, destaca o potencial do THC como terapia antienvelhecimento.

 

THC e o sistema endocanabinoide

 

O estudo mostrou que o THC age no sistema endocanabinoide, uma rede de receptores e moléculas de sinalização, com destaque para o receptor canabinoide tipo 1 (CB1). Este receptor, fundamental para aprendizagem, memória e sobrevivência dos neurônios, tem sua atividade reduzida com o envelhecimento. A administração de baixas doses de THC foi capaz de aumentar a atividade do CB1, revertendo potenciais declínios cognitivos.

 

O papel da mTOR no desempenho cognitivo

 

A pesquisa também se concentrou na proteína mTOR, reguladora do crescimento celular, metabolismo e envelhecimento. Em ratos jovens (4 meses) e idosos (18 meses), tratados com baixas doses de THC por 28 dias, os cientistas observaram efeitos positivos na função cerebral e na sinalização mTOR, incluindo:

Aumento da atividade cerebral e de proteínas sinápticas: Nos ratos mais velhos, o tratamento elevou os níveis de proteínas essenciais à conexão entre neurônios, como sinaptofisina e PSD-95.

Maior atividade metabólica: O THC incrementou os metabolitos ligados à produção de energia no hipocampo, região responsável pela memória.

Efeitos sistêmicos de dupla fase: Enquanto o cérebro apresentou aumento temporário de atividade, tecidos periféricos, como o tecido adiposo, mostraram redução na atividade do mTOR, semelhante aos efeitos da restrição calórica ou de exercícios intensos, conhecidos por promover longevidade.

 

Promessas e limitações

 

O pesquisador Andras Bilkei-Gorzo destacou que o THC inicialmente melhora a função cognitiva e, com o tempo, promove efeitos antienvelhecimento nos tecidos periféricos. Apesar das promessas, a pesquisa apresenta limitações:

 

Modelo animal: Os resultados foram obtidos em ratos, não necessariamente replicáveis em humanos.

 

Protocolo específico: O estudo usou doses e duração fixas de tratamento, deixando em aberto o impacto de variações nesses fatores.

 

Efeitos de longo prazo: Ainda é necessário avaliar as implicações do uso prolongado de THC, especialmente em idosos.

 

Uma nova perspectiva para o tratamento do envelhecimento cerebral

 

O estudo contribui para o crescente interesse no uso de canabinoides como alternativa terapêutica. Além de abrir caminho para novas estratégias contra o declínio cognitivo, a pesquisa reforça a importância de explorar os mecanismos subjacentes ao envelhecimento cerebral e à sinalização metabólica. Embora ainda seja cedo para afirmar sua aplicação clínica, o THC se mostra um candidato promissor na busca por terapias que desafiem os limites da idade.

 

Com informações de CannaReporter