Estudo revela que THC pode reverter envelhecimento cerebral em camundongos

Pesquisadores da Alemanha e Israel identificaram que o tetraidrocanabinol (THC), composto ativo da cannabis, tem o potencial de reverter sinais de envelhecimento cerebral em camundongos, estimulando a formação de novas sinapses e retardando o envelhecimento biológico

Publicada em 27/08/2024

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Imagem ilustrativa | Freepik

Uma equipe de cientistas da Alemanha e de Israel fez uma descoberta significativa sobre os potenciais benefícios do tetraidrocanabinol (THC), o principal ingrediente ativo da cannabis, no tratamento do envelhecimento cerebral. Segundo um estudo publicado na Science Alert, o THC demonstrou ser capaz de reverter sinais convencionais de envelhecimento cerebral em camundongos, sugerindo possíveis aplicações futuras para manter cérebros humanos mais saudáveis por mais tempo.

Os pesquisadores observaram que os efeitos antienvelhecimento do THC estão ligados a uma via de sinalização envolvendo a proteína mTOR, conhecida por regular o metabolismo celular. Essa proteína desempenha um papel crucial no metaboloma, que é a composição geral das pequenas moléculas presentes no corpo. “Agora, conseguimos mostrar que o tratamento com THC tem um efeito duplo e dependente do tecido na sinalização mTOR e no metaboloma”, explica Andras Bilkei-Gorzo, biólogo molecular da Universidade de Bonn, na Alemanha.

O estudo envolveu dois grupos de camundongos: um grupo jovem, com cerca de quatro meses de idade, e um grupo mais velho, com aproximadamente 18 meses. Ambos os grupos receberam doses baixas e diárias de THC durante 28 dias. Os resultados mostraram que os camundongos tratados com THC apresentaram um aumento na atividade do mTOR no cérebro, o que impulsionou a produção de proteínas essenciais para a formação de novas sinapses entre neurônios. Esse processo é vital para melhorar quase todos os aspectos da função cerebral.

Além disso, os cientistas notaram que a atividade do mTOR no tecido adiposo dos camundongos diminuiu de maneira semelhante ao que ocorre em uma dieta controlada em calorias. Esse fenômeno indica que o corpo começou a reduzir alguns de seus processos de produção para desacelerar o envelhecimento biológico.

O biólogo Bilkei-Gorzo ressalta que o tratamento de longo prazo com THC tem um duplo efeito: inicialmente, ele aprimora a cognição ao aumentar a energia e a produção de proteínas sinápticas no cérebro, seguido por um efeito anti-envelhecimento ao reduzir a atividade do mTOR e os processos metabólicos na periferia.

Anteriormente, alguns dos mesmos pesquisadores já haviam descoberto que doses baixas de cannabis poderiam melhorar a memória e as capacidades de aprendizado em camundongos idosos, reforçando a relação potencial entre o THC e a cognição.