"O canabigerol (CBG) é um fitocanabinoide que está ganhando popularidade, com pesquisas pré-clínicas sugerindo efeitos ansiolíticos e antidepressivos. No entanto, ainda não há ensaios clínicos publicados que corroborem essas descobertas em humanos." É o que afirmam pesquisadores da Washington State University (WSU) e da University of California, Los Angeles (UCLA), que conduziram o primeiro ensaio clínico com o CBG. Os resultados, publicados no Scientific Reports, mostram uma melhora significativa na redução da ansiedade e do estresse, além de uma melhoria na memória verbal. "O CBG pode representar uma nova opção para reduzir o estresse e a ansiedade em adultos saudáveis", segundo um trecho do estudo.

O que é o CBG?

O CBG é um fitocanabinoide que tem atraído crescente atenção por seu potencial terapêutico. Inicialmente, a pesquisa sobre o CBG foi limitada devido ao foco predominante nos efeitos do THC e do CBD. No entanto, estudos pré-clínicos em animais têm revelado que o CBG possui uma ampla gama de propriedades terapêuticas potenciais.

Entre esses efeitos, destacam-se sua potente atividade antibiótica e antifúngica, sugerindo que o CBG poderia ser uma opção promissora no combate a infecções. Além disso, o CBG demonstrou potencial anti-hipertensivo, ajudando a reduzir a pressão arterial e a pressão intraocular, o que pode ser benéfico para o tratamento de condições como o glaucoma. Em modelos de psoríase, o CBG reduziu a proliferação de queratinócitos, indicando um possível uso no tratamento dessa condição de pele.

O CBG também mostrou possível eficácia no tratamento de doenças inflamatórias intestinais e efeitos analgésicos que podem ser úteis no alívio da dor. Outro aspecto interessante do CBG é seu efeito semelhante ao de antidepressivos, sem, contudo, produzir os efeitos canabimiméticos típicos do THC, sugerindo que o CBG pode oferecer benefícios terapêuticos sem os efeitos psicoativos associados ao THC.

Voltando ao estudo

O ensaio clínico, iniciado em março de 2022 e concluído em novembro de 2023, contou com a participação de 34 pessoas, entre 21 e 60 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos iguais, um recebendo 20 mg de CBG e o outro, uma tintura de placebo.

O estudo foi conduzido em duas etapas. Após ingerir a substância correspondente ao seu grupo, os participantes preencheram um questionário online, onde foi registrada a primeira avaliação (T1). Em seguida, participaram do Teste de Estresse Social de Trier, uma tarefa conhecida por induzir estresse de maneira controlada. Após isso, forneceram a segunda avaliação (T2) sobre seu estado subjetivo e os efeitos da substância, aproximadamente 45 minutos após o início do estudo.

Finalmente, os participantes completaram o Teste de Aprendizagem Verbal da Califórnia-II e o aplicativo DRUID, que mede a coordenação e a cognição. Cerca de 60 minutos após o início, os participantes forneceram a terceira avaliação (T3) de seu estado subjetivo e dos efeitos da substância.

Uma semana depois, os participantes repetiram as mesmas tarefas, mas desta vez, com a substância ingerida sendo invertida (quem tomou o CBG na primeira etapa, agora recebeu o placebo).

Esses testes permitiram chegar a resultados significativos, como uma redução de quase 27% nos níveis de ansiedade basal e uma melhora na memória verbal. "O efeito foi mais pronunciado nos testes 2 e 3, com os participantes na condição CBG lembrando, em média, 0,5 palavras a mais no teste 2 e 1 palavra a mais no teste 3, em comparação com a condição placebo. Os testes 2 e 3 representam testes de aprendizagem, o que indica que o CBG pode melhorar a aprendizagem", destaca o estudo. 

Os pesquisadores apontam que novos estudos são necessários para obter mais informações sobre a eficácia do CBG. A equipe já planeja um novo ensaio clínico subsequente para replicar suas descobertas e adicionar medidas fisiológicas, como frequência cardíaca, pressão arterial e níveis de cortisol.