Óleo de cannabis com alimentos oleosos ou frutas pode aumentar eficácia, diz médica veterinária

O uso da cannabis para animais exige cuidado e conhecimento: veja como fazer isso com segurança

Publicada em 26/02/2025

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Imagem: Canva Pro

O Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal 2025 contará com um módulo exclusivo dedicado à medicina veterinária, refletindo o avanço regulatório após a atualização da Portaria 344 da Anvisa, em outubro de 2024, que passou a permitir a prescrição de produtos à base de cannabis por médicos veterinários. A decisão ampliou o debate sobre a segurança e a eficácia dos canabinoides em animais, impulsionando novas pesquisas e aplicações clínicas.

"Chegou a hora de os médicos veterinários se capacitarem e aprimorarem o conhecimento na terapia canabinoide, que muito colabora com a saúde dos animais", afirma Rodrigo Montezuma, médico veterinário e advogado, membro do Comitê Científico do CBCM 2025.

Entre os temas em discussão no VET Cannabis 2025, especialistas abordarão o uso da cannabis para dor e qualidade de vida em cães com osteoartrite, sua integração em práticas veterinárias, além do potencial na avicultura e suinocultura.

 

A arte da administração

 

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Médica veterinária, Carollina Mariga. Imagem: Arquivo pessoal

Com o avanço regulatório, a médica veterinária, Carollina Mariga destaca a adaptação dos pets ao tratamento como uns dos principais desafios da atualidade. Para Carollina, ao se pensar em tratamento com cannabis e seus desafios, a primeira coisa que vem à cabeça é o tabu social e a resistência do tutor, mas essa já não é mais uma realidade.

“Na prática, o maior desafio é a administração do produto de cannabis”, explica a especialista. "Essa dificuldade deve-se à diversidade de perfis dos animais, que podem ser calmos ou agressivos, comilões ou mais seletivos, ansiosos ou não, completa a veterinária".

Mariga acredita que a "arte veterinária" é administrar o óleo conforme o animal permite. Alguns animais de estimação “simplesmente amam o óleo e lambem na mão ou numa colher”, enquanto outros, mais indecisos, precisam de um agrado, geralmente com o óleo sendo oferecido junto com algum alimento.

Ela recomenda que o óleo seja oferecido, idealmente, 30 minutos após a alimentação, podendo ser associado a frutas como mamão ou manga, ou a alimentos mais oleosos, o que aumenta a absorção e resulta em maior eficácia.

 

Respostas terapêuticas individualizadas

 

A terapia canábica se destaca por sua particularidade: cada animal possui um tônus ​​único do sistema endocanabinoide, o que inclui a "distribuição dos receptores canabinoides, síntese e manipulação dos endocanabinoides pelas enzimas envolvidas", explica a veterinária.

Essa individualidade gera respostas variadas, com animais que se beneficiam intensamente, enquanto outros apresentam resposta mínima. Em geral, a cannabis tem ajudado a melhorar o comportamento ansioso e auxiliar na síndrome da separação – problemas cada vez mais comuns em animais de estimação que passam longos períodos sozinhos.

Outros benefícios relatados pela veterinária incluem a melhora nas dores articulares, o controle de vômitos e diarreias recorrentes, e o estímulo ao apetite, o que ajuda a recuperar o escore corporal dos animais abaixo do peso ideal.

“Na dermatologia, vejo pets finalmente controlado suas crises alérgicas com quatro gotas de óleo de cannabis por dia, sem necessidade de outras medicações”, relata, enfatizando também os efeitos da aplicação tópica na cicatrização e sangramento de feridas.

 

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Segurança na prescrição e cuidados com o tratamento

 

A segurança no uso terapêutico da cannabis também depende do perfil do tutor. Carollina destaca ser necessário que o tutor tenha mente aberta, entendendo que a cannabis não faz milagres sozinha. "Ela é uma terapia que requer acompanhamento contínuo com o médico veterinário responsável”, explica.

Para ela, o acompanhamento próximo e o retorno constante sobre a evolução do animal são essenciais para ajustar a dose gradualmente, permitindo a melhor resposta terapêutica com a menor dose possível e evitando a possibilidade de efeitos adversos.

Além disso, os cuidados com a administração e o armazenamento do óleo são fundamentais. Segundo Carollina, o armazenamento não deve ser feito na geladeira, mas em temperatura ambiente, sem exposição à luz artificial ou natural, pois os fitocanabinoides são fotossensíveis e a luz pode degradá-los.

Quanto à administração, ela alerta à melhor maneira para aplicar o medicamento. "É muito fácil o animal lamber o conta-gotas do frasco, contaminando o restante do óleo e perdendo potencial terapêutico". O ideal é oferecer as gotas na mão ou em uma colher, adaptando-se à forma conforme a preferência do animal de estimação. As alternativas incluem pingar o óleo entre os dentes, na lateral da bochecha ou no plano nasal.

 

 

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