Em um mundo onde pequenas ameaças podem se transformar em grandes perigos à saúde, a ciência encontrou, mais uma vez, uma potente aliada. Desta vez, foi a Cannabis Sativa L. quem sussurrou uma nova possibilidade de tratamento. Uma equipe de pesquisadores australianos revelou o potencial de dois compostos extraídos da planta rica em canabinoides com inúmeras evidências de benefícios terapêuticos. O canabidiol (CBD) e a canabidivarina (CBDV) têm o poder de silenciar fungos perigosos, inclusive os mais resistentes e letais.

O estudo, publicado no The Journal of Neglected Tropical Diseases, acende uma nova esperança para quem sofre com infecções fúngicas graves e recorrentes. E talvez, em um futuro próximo, o mesmo óleo que alivia dores e acalma a mente também poderá ser usado para tratar infecções na pele, com a simplicidade de uma aplicação tópica.

O sopro da vida contra um inimigo invisível

A pesquisa liderada pelo Dr. Hue Dinh, da Universidade Macquarie, na Austrália, revelou que o CBD e o CBDV foram eficazes contra o Cryptococcus neoformans, um patógeno que pode causar infecções pulmonares e até meningite, doenças que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), representam riscos reais à vida e são difíceis de tratar com os medicamentos atuais.

“Quando esse fungo atinge o sistema nervoso central, a mortalidade é altíssima”, explica Dinh. Diante desse desafio, a equipe científica optou por um caminho mais rápido: investigar compostos da cannabis, já aprovados para uso humano em outras condições. A estratégia deu frutos promissores.

Do laboratório à pele: o poder silencioso dos canabinoides

Ao lado da Professora Associada Amy Cain e do renomado farmacologista Mark Connor, a equipe mergulhou nas centenas de compostos da cannabis para descobrir quais tinham maior potencial antifúngico. A escolha certeira de CBD e CBDV se mostrou ainda mais eficiente do que as terapias antifúngicas convencionais e em menos tempo.

Os compostos foram testados contra 33 tipos de patógenos fúngicos, incluindo aqueles que causam infecções comuns como o pé de atleta e micoses cutâneas. E venceram todos eles. A última fase da pesquisa utilizou larvas de traça-da-cera (Galleria mellonella) como modelo vivo e confirmou que os canabinoides realmente têm ação terapêutica, não apenas em placas de laboratório.

Uma nova fronteira para tratamentos tópicos

Os cientistas reconhecem que há limitações, especialmente para infecções sistêmicas, como as pulmonares ou cerebrais. “Os canabinoides não são facilmente solúveis para aplicação intravenosa”, afirma o Dr. Dinh. Mas isso não impede que uma revolução silenciosa esteja a caminho.

A promessa mais concreta, por enquanto, está na superfície da pele. “Se pudermos mostrar que esses compostos funcionam bem contra infecções cutâneas, será possível aplicar um óleo de CBD diretamente na pele para tratá-la”, completa o pesquisador.
 

Com informações de Cannabis Health.