Tailândia revoga descriminalização da maconha, voltando a classificá-la como narcótico

A decisão do primeiro-ministro, anunciada através da plataforma de mídia social X, foi justificada pela necessidade de regulamentação e controle mais rigorosos sobre o uso da cannabis

Publicada em 09/05/2024

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O primeiro-ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, anunciou uma reviravolta surpreendente na política de drogas do país, declarando que a maconha será novamente classificada como narcótico. Esta medida marca uma mudança significativa apenas dois anos após o país se tornar um dos pioneiros na Ásia a descriminalizar o uso recreativo da substância.

A decisão do primeiro-ministro, anunciada através da plataforma de mídia social X, foi justificada pela necessidade de regulamentação e controle mais rigorosos sobre o uso da cannabis. Srettha enfatizou a importância de restringir o acesso à maconha apenas para fins médicos e de saúde, ordenando ao Ministério da Saúde que alterasse as regras correspondentes.

A Tailândia testemunhou um boom no setor varejista de maconha nos últimos dois anos, com milhares de lojas e empresas emergindo no mercado doméstico. Estimativas sugerem que esse setor poderia atingir um valor de até US$ 1,2 bilhão até 2025. No entanto, a revogação da descriminalização da maconha levanta incertezas sobre o futuro desses negócios e seu impacto na economia tailandesa.

A legalização da maconha em 2018 para uso medicinal e posteriormente, em 2022, para uso recreativo, foi criticada por sua implementação apressada, resultando em confusão generalizada em relação às regulamentações. Os críticos argumentam que essa mudança de curso reflete a necessidade de uma abordagem mais ponderada e cautelosa em relação à política de drogas do país.

Os comentários do primeiro-ministro vieram após uma reunião com agências encarregadas da repressão ao narcotráfico, durante a qual ele expressou uma postura determinada em lidar com o problema das drogas ilícitas. Ele enfatizou a importância de medidas enérgicas, incluindo a redefinição dos critérios para posse de drogas, a fim de intensificar a aplicação da lei.

No entanto, a reversão da política de maconha da Tailândia enfrenta críticas, especialmente de defensores da indústria de cannabis, como Prasitchai Nunual, secretário-geral da Cannabis Future Network da Tailândia. Ele alertou que a medida prejudicaria a economia e representaria um golpe para pequenas empresas e consumidores, muitos dos quais investiram na crescente indústria de maconha.

Ainda não está claro quando a maconha será oficialmente recategorizada como narcótico e quais procedimentos serão necessários para isso. No entanto, o governo de Srettha expressou o desejo de aprovar uma nova legislação sobre a maconha até o final do ano, restringindo seu uso apenas para fins medicinais e de saúde.