Por Leandro Maia

Em um avanço significativo na compreensão da história genômica da Cannabis sativa, pesquisadores realizaram um resequenciamento em grande escala do genoma completo da planta, revelando detalhes cruciais sobre sua domesticação ao longo dos milênios.

A Cannabis sativa, uma das primeiras plantas domesticadas pela humanidade, tem uma história complexa entrelaçada com o desenvolvimento econômico, social e cultural das sociedades humanas. Inicialmente utilizada como fonte de têxteis, alimentos e sementes oleaginosas, sua exploração para esses fins diminuiu no século XX, enquanto a utilização recreativa da marijuana se expandiu.

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O estudo, baseado em amostras de 110 genomas completos de plantas selvagens, raças locais, cultivares históricas e híbridos modernos, teve um foco particular na Ásia Central e Oriental, região considerada como possível berço da domesticação da espécie.

As análises genéticas revelaram quatro grupos genéticos distintos de Cannabis, fornecendo uma visão abrangente da evolução e da domesticação da planta. A pesquisa também abordou questões relacionadas ao uso terapêutico, destacando as diferenças nos componentes químicos das variedades de cânhamo e maconha.

A história demográfica da Cannabis, revelada por estimativas do tamanho efetivo da população ao longo do tempo, sugeriu fortes influências da seleção exercida durante o processo de domesticação, com impacto notável na produção de fibras e medicamentos.

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O estudo identificou genes candidatos envolvidos na divergência entre tipos de cânhamo e drogas após a domesticação, destacando processos complexos de seleção que moldaram a planta ao longo dos milênios. Além disso, a perda de função de genes relacionados à síntese de canabinoides durante a domesticação foi evidenciada, questionando a atual categorização binária das plantas como "cânhamo" ou "maconha".

Esse resequenciamento em larga escala fornece uma visão sem precedentes da evolução e domesticação da Cannabis sativa, lançando luz sobre sua história genômica e abrindo portas para avanços futuros no entendimento e na aplicação da planta.

Leia o artigo original em Science