Por redação Sechat

Um software de planejamento de recursos empresariais deve auxiliar na gestão das associações brasileiras de cannabis medicinal. A tecnologia foi desenvolvida para automatizar os processos, integrar as atividades de vendas, finanças, contabilidade, fiscal, estoque, compras, recursos humanos, produção e logística. 

Com múltiplas ferramentas de gerenciamento, a plataforma pode auxiliar em toda a cadeia produtiva da cannabis, como a implantação das regras de compliance exigidas pelas resoluções da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), controle e rastreabilidade dos óleos produzidos. 

Nós conversamos com o fundador e diretor executivo  da ABRACE (Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança), Cassiano Gomes explicou que a ideia surgiu após uma visita técnica do Ministério Público, em 2018, que apontou a importância de um sistema para o rastreamento dos produtos. 

Ao todo, 54 associações já estão atualizando o legacy. Veja a entrevista:

1 - Por que decidiu criar a Startup Comply, projeto direcionado para  as associações de cannabis medicinal? 

Eu já passei por 7 empresas nacionais e sem sucesso. Nós tentamos um aplicativo americano, que foi a solução apresentada ao MP na época.  Mas o preço estava “salgado” (acima do que poderíamos investir): US$ 1000 por mês. Porém, a plataforma não disponibiliza todas as ferramentas que precisávamos. Foi aí que nasceu o projeto Comply. Eu tive que montar uma Startup para acolher um projeto de sistema e compartilhar a ferramenta com as associações brasileiras.

2 - Como é feito o processo de rastreamento do óleo produzido pelas associações? 

Criamos um número de rastreabilidade único, que foi batizado de NIC - Número de Identificação de Cannabis, composto de numerais e letras que acompanham desde o nascimento da planta até o despacho do produto. Isso permite o rastreamento total dos óleos fornecidos pelas associações. 

3 - Por que, no seu ponto de vista,ninguém quer liberar crédito para associações de cannabis? É verdade que dizem que não há segurança por causa de uma eventual mudança da diretoria  a conta ficaria sub judice?  

Com o tempo, percebemos que muitas associações tinham dificuldade para fazer o cadastramento nos bancos, principalmente, os bancos digitais, como PagSeguro, entre outros. Nós acreditamos que por ter a palavra “cannabis” na razão social, o acesso era negado. Foi ai que nasceu a complypay , um getway de pagamentos que aceita cartão, Pix e boleto. Agora, as entidades não só dispõe de um software de controle, mas também de pagamentos, algo que oferece mais segurança para as operações financeiras das associações, sem contar o controle e o baixo custo, já que o software específicos para laboratórios demanda de um alto investimento, o que inviabiliza a aquisição da maioria das associações no Brasil.

4 - A ferramenta digital já tem validação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária? 

Nosso objetivo é obter a validação do sistema junto a Anvisa e por isso ja estamos finalizando as modificações exigidas. A ABRACE vai ser a primeira a submeter o sistema para o órgão de controle ja que a ABRACE está com o processo de alvará bem avançado ! Sendo aceito todas as outras associações vão ser beneficiadas com o “legacy “ nome que batizamos o sistema.

5 - Quando o legacy estará liberado para uso das associações? 

O sistema já está liberado e mais de 50 associações já utilizam o sistema. Mas para obter o alvará de funcionamento, as associações vão precisar que o software de controle seja validado pela Anvisa como um sistema seguro e que atende a RDC nº 17/2010 do órgão que estabelece diretrizes para a validação de sistemas informatizados utilizados em atividades de produção e controle de medicamentos. Essa resolução tem como objetivo garantir a integridade, confiabilidade e segurança dos dados gerados pelos sistemas utilizados em todas as etapas do ciclo de vida dos medicamentos, desde a produção até o controle de qualidade.