Por Caroline Apple

O Latin America Investment Conference, um dos maiores fóruns de economia do mundo, organizado pelo banco suíço de investimento Credit Suisse, contou, pela primeira vez em sua história, com um painel sobre o mercado de Cannabis. O evento aconteceu nesta terça-feira (28), no hotel Grand Hyatt, em São Paulo.

A convidada foi Viviane Sedola, CEO e fundadora Dr. Cannabis, empresa que conecta pacientes a médicos que prescrevem medicamentos à base de Cannabis e profissionais que produzem e revendem canabinoides de forma legal.

Em entrevista ao Sechat, Sedola afirmou que o convite é uma evolução e mostra que a Dr. Cannabis está numa posição estratégica para falar de mercado. "Um passo de cada vez. O fato da Dr. Cannabis não ter marca própria, a gente consegue olhar o mercado como um todo, de olho em vários pacientes, vários médicos e várias marcas", afirma CEO.

A apresentação do mercado ainda permeia por questões primárias, como as mais diversas utilidades da Cannabis, que vai de medicamento fitoterápico até bebidas, cosméticos, vestuário e outras funcionalidades. Os convidados levantaram questões como quais as diferenças entre CBD e THC e em que pé está a discussão nas esferas públicas.

Apesar da falta de informação ainda ser o maior gargalo do mercado de Cannabis no Brasil, Sedola comemorou a entrada do tema na conferência e contou um pouco dos desafios enfrentados até chegar na sala lotada do luxuoso hotel de São Paulo.

"É a primeira vez que a conferência internacional de um banco tradicional de investimentos traz esse tema. Isso é um grande passo. Quando me procuraram, ainda não tinham certeza e disseram ainda que [o convite] passaria por compliance, que, por fim, depois de receber todas as documentações e fazer as devidas verificações, aprovou", conta a CEO.

Projeções de cultivo

Diante do mercado atual brasileiro e as possibilidades abertas pelas decisões quem vem sendo tomadas nos âmbitos legislativos e jurídicos em relação ao cultivo de Cannabis, Sedola apresentou as projeções levantadas pela Dr. Cannabis para os próximos quatro anos sobre a regulação completa da Cannabis não-recreacional.

De acordo com o material apresentado na conferência, ainda neste ano, os produtos à base de Cannabis chegariam às drogarias e o cultivo industrial de cânhamo começaria a ser debatido.

Então, em 2022, com os produtos sendo vendidos pelo país e com o potencial econômico mais evidente, o cânhamo passaria a ser discutido com menos estigmas.

Por fim, em 2024, entraria em vigor um marco regulatório do cânhamo, fazendo com que o mercado brasileiro se abra completamente, diante das maiores economias do mundo bem reguladas e produtos de cânhamo ganhando cada vez mais mercado.