AMA adverte sobre uso adulto da cannabis e demonstra preocupação com impactos na Saúde Pública

"Aumento do consumo de cannabis pode sobrecarregar o sistema de saúde australiano", diz em comunicado oficial

Publicada em 01/12/2023

capa
Compartilhe:

Por Leandro Maia

O presidente da Associação Médica Australiana (AMA), Steve Robson, expressou sérias preocupações em relação aos potenciais impactos na saúde pública decorrentes da possível legalização da cannabis para uso adulto. Em um comunicado oficial, Robson destacou que o uso da substância pode acarretar uma série de efeitos negativos tanto a curto quanto a longo prazo, alertando para a possibilidade de sobrecarga no sistema de saúde australiano com um aumento no consumo.

Steve Robson, presidente da Associação Médica Australiana (AMA).
Steve Robson, presidente da Associação Médica Australiana (AMA) | Foto: Reprodução Linkedin

A AMA ressalta que a legalização da cannabis para uso adulto pode enviar uma mensagem equivocada ao público, especialmente aos jovens australianos, alertando que seu uso não é prejudicial. Referindo-se a uma revisão sistemática recente, Robson relatou um aumento nos casos de intoxicação aguda por cannabis em países como Estados Unidos, Canadá e Tailândia, após a legalização.

Apesar da oposição à legalização, o comunicado da AMA sugere uma possível melhoria na abordagem regulatória atual. Robson destaca a importância de encarar o uso da cannabis como uma questão de saúde, propondo a substituição das práticas criminais para uso pessoal por medidas de redução de danos. Essas medidas incluíram ordens judiciais que exigem aconselhamento e educação, ou a participação em tribunais especializados em drogas, desviando os usuários do sistema de justiça criminal para o tratamento.

Outra preocupação expressa no comunicado é a prática da automedicação com produtos de cannabis por meio do uso fumado. A AMA instala os pacientes discutindo alternativas de tratamento com seus médicos, enfatizando que a Austrália já possui um processo de avaliação específico para produtos terapêuticos através da TGA (Administração de Bens Terapêuticos). Robson destaca a existência de tratamentos baseados em evidências disponíveis por meio de profissionais de saúde, que os pacientes devem explorar antes de recorrer à automedicação com produtos de canábis.

Legalizar ou não uma droga?

Jimmy Fardin
Jimmy Fardin é médico ortopedista, especialista em cirurgia do joelho e prescritor de cannabis medicinal.

De acordo com Jimmy Fardin, médico e colunista do Portal Sechat, falar sobre a legalização de uma droga é um tema polêmico. Em se tratando da cannabis, o assunto já vem carregado de objeções e preconceitos, devido ao estigma atribuído à planta ao longo dos anos. Ele diz que o uso indiscriminado de qualquer substância seja ela ainda proibida ou não, pode sim causar algum dano, já tentou tomar 4 xícaras de café de uma vez? Porém, a atribuição somente à substância de ser o causador do malefício é um tanto raso.

“A preocupação maior deveria ser com o usuário e não com a droga somente. Quem é que está buscando o uso? Por que? Em que ambiente está inserido? São questões muito mais profundas que não são abordadas ou questionadas se estão sendo cuidadas pelo estado. O álcool por exemplo é liberado, com “restrições “e infelizmente causa muito mais mortes direta e indiretamente à população. Pois seus efeitos são deletérios e nocivos em doses muito menores que a cannabis. A intoxicação se dá com apenas 10x a dose usual, enquanto a cannabis precisa de mais de 1000 doses para intoxicar um indivíduo. Nem por isso o álcool está proibido. O acesso é bem simples por assim dizer. E quando há uma proibição o usuário vai em busca da substância ilícita em locais de pouca segurança, adquirem uma substância duvidosa (fungos, metais pesados) e arriscando sua saúde e integridade e ainda contribuindo com o tráfico”, advertiu.

3º Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal será realizado nos dias 23, 24 e 25 de maio de 2024 

https://www.youtube.com/watch?v=ukZeetIwKbs&t=12s