Perspectivas, desafios e o papel da cannabis no tratamento do Glaucoma
Estima-se que quase 70% dos brasileiros com glaucoma desconhecem sua condição, enquanto estudos sobre o potencial terapêutico da cannabis revelam controvérsias e desafios adicionais para os pacientes e profissionais de saúde.
Publicada em 11/05/2024
O glaucoma, uma das principais causas de cegueira no mundo, é uma enfermidade ocular insidiosa que pode surgir em qualquer idade, inclusive em recém-nascidos. A falta de consciência sobre essa doença é alarmante: quase 70% dos afetados desconhecem sua condição, conforme revelado pela Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) em meio à Campanha Maio Verde.
A condição, caracterizada pelo aumento da pressão intraocular e danos progressivos ao nervo óptico, muitas vezes progride de forma assintomática, tornando o diagnóstico precoce desafiador. Sinais como dificuldade para enxergar pelo canto dos olhos podem ser indicativos do avanço da doença, alerta o Dr. Luiz Alberto Melo, oftalmologista especialista em glaucoma.
Além das causas conhecidas, como idade avançada e predisposição genética, novas pesquisas exploram o potencial terapêutico dos canabinoides, compostos encontrados na cannabis, no tratamento do glaucoma. Estudos revelam que esses compostos, como o THC e o CBD, podem afetar diversas funções oculares importantes, incluindo a regulação da pressão intraocular.
No entanto, apesar das promessas iniciais, há controvérsias significativas. Enquanto alguns estudos sugerem que o CBD pode melhorar os níveis de pressão intraocular e estabilizar a doença, outros alertam para possíveis efeitos adversos e falta de consenso entre os profissionais de saúde.
Uma pesquisa recente, publicada no Brazilian Journal of Health Review, examinou 56 artigos sobre o uso terapêutico da cannabis no tratamento do glaucoma, destacando preocupações com a necessidade de doses frequentes e os potenciais efeitos colaterais. A Sociedade Americana de Glaucoma e a Sociedade Canadense de Oftalmologia permanecem cautelosas quanto ao uso da cannabis, citando a falta de evidências científicas robustas e o risco de efeitos psicotrópicos indesejáveis.
Portanto, enquanto o potencial terapêutico da cannabis no tratamento do glaucoma continua sendo objeto de estudo e debate, pacientes e profissionais de saúde enfrentam desafios adicionais na busca por tratamentos eficazes para essa condição ocular debilitante.