Professor responsável pelo banco genético de cannabis responde dúvidas sobre monopólio de mercado 

“Nosso objetivo é justamente levar a informação a todos que necessitam dela e não o contrário”, destacou o pesquisador Derly J. H. da Silva

Publicada em 12/12/2023

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A criação do banco genético de cannabis na Universidade Federal de Viçosa (UFV) trouxe consigo não apenas promessas de avanço científico, mas também questionamentos relevantes sobre um possível monopólio no setor. O Agrônomo e presidente da Associação Latino-Americana de Cânhamo Industrial (LAIHA), Lorenzo Rolim, levantou preocupações acerca do controle significativo que uma única instituição poderia ter sobre um mercado com grande potencial econômico e social. Em resposta a esses questionamentos, o Dr. Derly Jose Henriques da Silva, responsável pelo projeto, fez esclarecimentos. 

 

Uma iniciativa com propósito e responsabilidade 

 

Em uma entrevista exclusiva ao portal Sechat, o professor Derly destacou a importância do banco genético de cannabis para o desenvolvimento do setor no Brasil. Ele enfatizou que: 

 

“A proposta é uma parceria público-privada, visando aporte financeiro da empresa parceira para cobrir os custos elevados do projeto. A universidade, por sua vez, contribui com recursos técnicos-científicos, proporcionando mão de obra qualificada. O ponto crucial é que, apesar do financiamento, os dados gerados pelo banco genético não serão exclusivos da empresa pagante, mas sim disponibilizados para outras instituições e empresas do setor". 

 

Transparência e disseminação de conhecimento 

 

Respondendo diretamente às preocupações de Rolim, o professor Derly destacou que o objetivo central é a disseminação de conhecimento.  

 

“Além do banco genético, a UFV criou também o Centro Tropical de Recursos Genéticos de Cannabis, cujo propósito é multiplicar informações para associações, pacientes e demais interessados no cultivo e extração de cannabis”, afirma o professor, ressaltando que a proposta vai além do simples monopólio, buscando contribuir efetivamente para o desenvolvimento do setor. 

 

A responsabilidade do governo e a falta de regulamentação 

 

Quanto à falta de regulamentação do cultivo de cannabis no Brasil, o professor Derly concordou com Lorenzo Rolim. Ele apontou a demora e a ausência de regras claras como fatores prejudiciais ao desenvolvimento do ecossistema da planta. No entanto, fez ressalvas, argumentando que a responsabilidade recai também sobre os órgãos governamentais que deveriam fomentar a pesquisa nas instituições de ensino, permitindo o desenvolvimento de tecnologias e pesquisas como ocorre em outros países. 

 

A UFV e o Professor Derly reforçam seu compromisso com o desenvolvimento sustentável do setor de cannabis, buscando parcerias, transparência e disseminação ampla de informações para contribuir efetivamente para o avanço dessa área no Brasil. Por isso, um diálogo que oferece insights sobre um projeto dessa magnitude, abrindo espaço para uma discussão mais ampla sobre o futuro da cannabis no Brasil.