Quando você se depara  com a palavra "câncer," é provável que sinta um arrepio, uma angústia imediata. É algo que nos faz olhar para dentro de forma ainda mais profunda.

Quando o assunto é câncer de próstata, a coisa fica ainda mais pessoal, pois afeta uma parte tão importante da identidade masculina.

No entanto, em meio às preocupações e incertezas, existe uma faísca de esperança. Este artigo, pretende esclarecer os sinais que podem indicar o câncer de próstata e descobrir como a cannabis medicinal pode ser um raio de esperança para aqueles que enfrentam essa condição.

O que é a Próstata?

A próstata, é uma glândula exclusiva nos homens, está situada na frente do reto, abaixo da bexiga, e envolve a parte superior da uretra, o canal que conduz a urina para fora do corpo.

É importante observar que a próstata não tem influência na ereção ou no orgasmo. Em vez disso, sua principal função é produzir um líquido que faz parte do sêmen, fornecendo nutrição e proteção aos espermatozóides.

Enquanto a próstata tem o tamanho aproximado de uma ameixa em homens mais jovens, é comum que seu tamanho aumente com o passar dos anos.

O que é o Câncer de Próstata?

O câncer de próstata é um tipo de câncer que se desenvolve na próstata e esta condição ocorre quando as células na próstata começam a crescer de forma anormal e descontrolada.

O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum de câncer em homens, geralmente afetando aqueles com mais de 50 anos.

Existem alguns fatores que podem aumentar as chances de um homem desenvolver câncer de próstata. São eles:

• Idade: o risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos.
• Histórico de câncer na família: homens cujo pai, avô ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos, fazem parte do grupo de risco.
• Sobrepeso e obesidade: estudos recentes mostram maior risco de câncer de próstata em homens com peso corporal mais elevado.

Sintomas do Câncer de Próstata

No início, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas perceptíveis, mas à medida que avança, os seguintes sintomas podem surgir:

• Dificuldade em urinar: Dificuldade em iniciar ou interromper o fluxo urinário, juntamente com a sensação de que a bexiga não está completamente vazia.

• Urina frequente: Urinar com frequência, especialmente durante a noite.

• Sangue na urina ou sêmen: Presença de sangue na urina ou no sêmen.

• Dor ou desconforto pélvico: Dor na região pélvica, nas costas ou nos quadris.

• Disfunção erétil: Dificuldade em manter uma ereção.

É fundamental destacar que estes sintomas podem ser causados por outras condições e é por isso que você deve manter visitas regulares ao médico e avisá-lo o mais breve se notar algum destes sintomas.

Como é feito o diagnóstico do câncer de próstata?

Exame de Toque Retal: Neste procedimento, o médico avalia o tamanho, a forma e a textura da próstata através do toque retal. Esse exame permite a avaliação das partes posterior e lateral da próstata.

Dosagem de PSA: O exame de PSA é um teste de sangue que mede os níveis de uma proteína produzida pela próstata, chamada Antígeno Prostático Específico (PSA). Níveis elevados dessa proteína podem indicar a presença de câncer de próstata, embora também possam ser causados por condições benignas da próstata.

E para confirmar o câncer de próstata faz-se uma biópsia.

Como é feito o tratamento?

O tratamento do câncer de próstata envolve o uso de uma ou várias modalidades ou técnicas que podem ser aplicadas isoladamente ou em combinação.

A principal modalidade é a cirurgia, que pode ser combinada com radioterapia e terapia hormonal, dependendo do caso.

Quando o câncer de próstata está restrito à próstata, as opções de tratamento incluem cirurgia oncológica, radioterapia e, em alguns casos especiais, a observação vigilante.

Se o câncer se espalhou para outros órgãos, em um estágio chamado de metástase, a radioterapia é utilizada em conjunto com a terapia hormonal, além de tratamentos paliativos.

A decisão sobre qual tratamento é mais adequado é feita individualmente por um médico especializado, considerando as características de cada caso, os riscos, benefícios e as condições clínicas do paciente.

É importante destacar que todas as opções de tratamento são oferecidas integralmente e de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Cannabis como adjuvante no tratamento do Câncer de Próstata

A cannabis medicinal tem sido objeto de pesquisa para uma variedade de condições médicas, incluindo o câncer de próstata. Embora a pesquisa ainda esteja em estágios iniciais, alguns estudos sugerem que os canabinoides presentes na cannabis, como o THC e o CBD, podem ter propriedades que auxiliam no tratamento do câncer.

Informações Importantes sobre a Cannabis Medicinal para o câncer de próstata:

No artigo: “Canabinoides não relacionados ao THC inibem o crescimento do carcinoma da próstata in vitro e in vivo: efeitos pró-apoptóticos e mecanismos subjacentes.” os resultados apontam que ativar os receptores canabinoides pode levar à morte das células do carcinoma da próstata (PCC).

Enquanto o THC é reconhecido por esse efeito, outros canabinoides, especialmente o canabidiol (CBD), demonstram um potencial promissor.

Foram conduzidos testes com CBD e outros canabinoides em células de câncer de próstata, abrangendo aquelas sensíveis a andrógenos e as não responsivas. Os resultados destacam o impacto significativo do CBD na sobrevivência celular, induzindo a apoptose. Que é um processo biológico programado de morte celular.

Este estudo mostra que o CBD foi eficaz mesmo em condições em que as células cancerígenas da próstata estavam privadas de nutrientes por um período de 24 horas. Isso sugere que o CBD pode ter um impacto positivo mesmo em ambientes adversos, onde as células cancerígenas enfrentam limitações nutricionais.

O artigo fala sobre os modelos experimentais com camundongos, que foi observada uma redução no tamanho dos tumores quando o CBD foi utilizado. Isso indica um efeito antitumoral do CBD, sugerindo que ele pode ter propriedades que contribuem para a diminuição do crescimento dos tumores.

Ainda, o texto menciona que o CBD, quando combinado com tratamentos convencionais como bicalutamida e docetaxel, mostrou-se capaz de potencializar os efeitos dessas terapias. Isso sugere que o CBD pode desempenhar um papel complementar ou sinérgico quando utilizado em conjunto com tratamentos médicos convencionais, aumentando a eficácia global do tratamento.

E que os efeitos do CBD foram alcançados por meio de diversos mecanismos, incluindo a regulação de vias apoptóticas intrínsecas e a diminuição da expressão do receptor de andrógeno (AR). Este último é especialmente significativo, pois está associado à sobrevivência do câncer de próstata.

Os resultados indicam que o CBD pode representar uma promissora opção terapêutica contra o carcinoma da próstata. Esse avanço justifica a realização de ensaios clínicos para validar sua eficácia e segurança em pacientes. Para aqueles interessados, esta pesquisa ressalta a importância contínua da exploração dos compostos da cannabis como potenciais tratamentos para o câncer de próstata.

Em casos de câncer de próstata  em que mais a cannabis poderia ser útil?

Alívio de Sintomas: Pacientes com câncer de próstata podem encontrar alívio dos sintomas associados ao tratamento, como náuseas, vômitos e perda de apetite, através do uso de cannabis medicinal.

Redução da Dor e Inflamação: A cannabis pode ajudar a aliviar a dor e a inflamação associadas ao câncer e aos tratamentos, melhorando a qualidade de vida.

Ah, é importante que você saiba que o uso de cannabis medicinal no tratamento do câncer de próstata deve ser discutido com um profissional de saúde especializado, oncologista e especialista nas aplicações terapêuticas da cannabis, para que possa fornecer orientações específicas e considerar os benefícios potenciais.

O que você precisa saber?

Que o câncer de próstata é uma condição desafiadora, mas o diagnóstico precoce e as opções de tratamento inovadoras, como a cannabis medicinal, oferecem esperança aos pacientes.

É essencial que você busque aconselhamento médico e participe ativamente de seu próprio cuidado.

Lembramos que outras pesquisas sobre o uso da cannabis medicinal no tratamento do câncer de próstata estão em andamento, e novas descobertas podem surgir.

Portanto, a colaboração com um médico é fundamental para criar um plano de tratamento personalizado e eficaz.

A esperança é uma aliada na jornada contra o câncer, e os avanços na medicina e na terapia com cannabis podem oferecer novas oportunidades de tratamento e melhora na qualidade de vida para os pacientes.

A sua missão

Como leitor, mesmo que você não seja um homem, a sua missão é sensibilizar todos aqueles que estão próximos a você.

A saúde é um dos maiores tesouros que podemos ter, e sabemos que muitos homens ainda enfrentam desafios e receios quando se trata de cuidar da saúde, especialmente no que diz respeito à próstata.

Informe-os de que a prevenção e a detecção precoce do câncer de próstata são cruciais para um diagnóstico e até mesmo a cura.

Relembre-os de que: o aumento da próstata pode ser um sinal de câncer se desenvolvendo na glândula, no entanto, o aumento da próstata também pode surgir em outros problemas, como no caso de hiperplasia prostática benigna.

Percebe a importância de procurar um profissional ao menor sinal ou sintoma?

Sabemos que os exames e cuidados com a próstata podem parecer desconfortáveis ou até mesmo tabus para alguns.

Mas saiba que cuidar da saúde não é sinal de fraqueza, mas sim de sabedoria e coragem.

Novembro Azul: homem de atitude também se cuida!

Patricia cunha é enfermeira

Bibliografia:

• Ministério da saúde. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br
• Secretaria de saúde. Paraná governo do estado. Disponível em:https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Cancer-de-prostata

●     Non-THC cannabinoids inhibit prostate carcinoma growth in vitro and in vivo: pro-apoptotic effects and underlying mechanisms. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3570006/

• MCANINCH, Jack W.; LUE, Tom F. Urologia Geral de Smith e Tanagho. 18 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 349-373.