Cânhamo é revolução verde para o campo e indústria

Para Grecco, a regulamentação da planta é a esperança para milhões de brasileiros que podem ser beneficiados no tratamento de graves doenças

Publicada em 29/10/2020

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Artigo de Marcelo De Vita Grecco*

O Projeto de Lei 399/2015 nasceu com objetivo claro, justo e legítimo de proporcionar melhores condições para acesso da população ao uso medicinal da cannabis. Esse propósito, por si só, é o maior argumento a seu favor, por representar esperança para milhões de brasileiros que podem ser beneficiados no tratamento de graves doenças, conquistando melhor qualidade de vida.

Ao considerar não somente o cultivo da Cannabis medicinal, mas também o do cânhamo para uso industrial, o texto passou a ter potencial para colocar o Brasil entre os países mais avançados do mundo no que tange à legislação em torno da planta.

Porém, o texto substitutivo, concluído por uma Comissão Especial da Câmara responsável por analisar o Projeto de Lei (PL), entregue a Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, vai além. Ao considerar não somente o cultivo da Cannabis medicinal, mas também o do cânhamo para uso industrial, o texto passou a ter potencial para colocar o Brasil entre os países mais avançados do mundo no que tange à legislação em torno da planta.

Isso significa muito mais do que uma transformação na área de saúde, garantindo direitos básicos dos cidadãos e, até mesmo, aliviando custos dos sistemas de saúde. Estamos falando de um novo horizonte tanto para o agronegócio quanto para a indústria, em um caminho sustentável, com inovação e prosperidade econômica, por meio da geração de novos negócios, empregos e receitas.

O cânhamo encontra no País as condições climáticas ideais para cultivo, proporcionando aos agricultores uma alternativa que, em comparação a outras culturas, demanda menor uso de água, insumos e defensivos agrícolas. Afinal, a revolução verde precisa, mais do que nunca, começar no campo.

Quando essa matéria-prima chega à indústria, as possibilidades se multiplicam com intensidade de progressão geométrica. São aproximadamente 25 mil opções de aplicações industriais, abrangendo, entre outros, os segmentos medicinal e farmacêutico, de alimentação humana e animal, beleza e bem-estar, bem como produção de papel e óleos para os mais diversos usos.

O cânhamo encontra no País as condições climáticas ideais para cultivo, proporcionando aos agricultores uma alternativa que, em comparação a outras culturas, demanda menor uso de água, insumos e defensivos agrícolas. Afinal, a revolução verde precisa, mais do que nunca, começar no campo.

Mas onde está a revolução verde do cânhamo na indústria?

Nesse aspecto, os benefícios ficam ainda mais evidentes. É possível o uso na indústria automobilística e, até mesmo, aeroespacial, substituindo produtos plásticos e polímeros. Além disso, na geração de energia, o cânhamo pode ser usado para produção de biocombustível, biomassa e, na fabricação de baterias, experimentos apontam desempenho melhor em comparação ao lítio e grafeno. Na indústria têxtil, apresenta caminho mais sustentável em combinação com o algodão ou individualmente. Já na construção civil, o hempcrete tem se difundido em todo o mundo como alternativa mais sustentável em relação aos materiais convencionais.

Hoje, o PL 399/2015 vai muito além da saúde e pode ajudar muito o País. A oportunidade está batendo à porta e perdê-la não é uma opção para quem quer o Brasil mais forte e justo na saúde, competitivo e sustentável no campo e na indústria e próspero na economia.

Não bastassem as vantagens já citadas, o cânhamo ainda pode ser efetivo na descontaminação de solos e meios aquáticos, incluindo áreas degradadas com metais pesados.

Hoje, o PL 399/2015 vai muito além da saúde e pode ajudar muito o País. A oportunidade está batendo à porta e perdê-la não é uma opção para quem quer o Brasil mais forte e justo na saúde, competitivo e sustentável no campo e na indústria e próspero na economia.

*Marcelo De Vita Grecco é cofundador e head de Negócios da The Green Hub

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e não correspondem, necessariamente, à posição do Sechat.

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