USA Hemp Pharmaceuticals inaugura sede na América Latina em Goiânia com foco em inovação, educação e expansão estratégica
Empresária brasileira inaugura sede da USA Hemp Pharmaceuticals em Goiânia, ampliando operações da marca no Brasil com foco em educação médica, white label e transferência de tecnologia do cânhamo industrial
Publicada em 27/06/2025

Imagem: Reprodução/ Arquivo Pessoal
A USA Hemp Pharmaceuticals está dando um passo importante em sua trajetória com a abertura de sua nova sede na América Latina, localizada no centro de Goiânia (GO). A operação, que recebeu um investimento de R$ 5 milhões, marca uma nova fase de expansão da empresa no Brasil, com foco em educação médica, estrutura comercial e apoio técnico a marcas que desejam desenvolver seus próprios produtos derivados da cannabis.

A trajetória da empresa é marcada por desafios, resiliência e visão de longo prazo. “A cannabis entrou em nossa vida através dos nossos filhos Rafael, Gustavo e Ana Carolina, que visualizaram o mercado”, conta Corina Silva, empresária e fundadora da USA Hemp ao lado do marido, José Rocha Mendes. Desde 2023, o casal reside no Brasil, após anos vivendo nos Estados Unidos, onde iniciaram a operação da empresa a partir de duas fazendas no estado do Oregon, nas cidades de Molalla e Eugene.
Antes de empreender no setor da cannabis, Corina era dona de uma empresa de decoração e José atuava na construção civil. Ambos venderam seus negócios para investir no cultivo de cânhamo industrial em 2018, ano em que foi aprovada a Farm Bill — legislação que regulamentou o cultivo da planta com baixo teor de THC nos EUA. “Passamos pelo auge da cannabis nos Estados Unidos, quando a planta foi regulamentada, em 2018”, relembra.
Aprendizados com perdas no campo
O início, no entanto, não foi fácil. “No primeiro ano, fomos a primeira fazenda a investir em escala industrial. Tiramos a licença, mas a planta passou do limite autorizado de THC. Foram oito inspeções, e, na hora da colheita, o teste mostrou que a planta tinha mais de 0,3% de THC. Tivemos que colher e depois queimar toda a plantação, de acordo com as recomendações das autoridades norte-americanas”, revela Corina.
No segundo ano, a situação não melhorou. A produção foi perdida por falta de estrutura e mão de obra. “Só se planta uma vez por ano nos EUA. Perdemos a maior parte da plantação porque não tínhamos gente suficiente para realizar a colheita das flores de cannabis”, explica. Apesar das perdas consecutivas, a família decidiu continuar. “Se temos obstáculos, precisamos nadar, senão afoga. Não vemos dificuldade, e sim a solução”, afirma a empresária.
Reinvenção com tecnologia: da colheita à venda de máquinas
A virada do jogo veio com a venda de máquinas colheitadeiras adaptadas para o cânhamo, comercializadas para produtores dos Estados Unidos e Canadá. “Enquanto todo mundo queria correr atrás do ouro, nós conseguimos nos estruturar vendendo a pá — as máquinas colheitadeiras que foram modificadas”, diz Corina.
A operação começou a ganhar tração em 2021, e hoje a empresa é uma das principais fornecedoras de produtos white label da América do Norte, atendendo diversas marcas e expandindo sua atuação comercial com foco em logística, extração, distribuição e consultoria na América Latina.
Goiânia como centro estratégico de operações no Brasil
A nova sede em Goiânia — cidade natal de Corina e localizada estrategicamente no Centro-Oeste do país — foi escolhida como o centro das operações no Brasil. No local, funcionará a diretoria, a equipe de vendas, salas de treinamento, espaço para educação médica e infraestrutura logística. A unidade já conta com cerca de 40 colaboradores e novas contratações estão previstas para o time comercial, por exemplo.
A empresa pretende apoiar o desenvolvimento de produtos nacionais, oferecer suporte técnico, formar prescritores e treinar consultores. “A nova sede dará projeção para treinamento médico, treinamento de consultores, logística e TI, além de atender empresas que queiram fazer seus próprios produtos”, explica Corina.
White label no Brasil: estrutura e suporte aos investidores
Empreendedores interessados em atuar com marca própria podem encontrar uma estrutura pronta para operar. “A estratégia de suporte para novos entrantes no mercado não é uma extensão da nossa empresa. Nós damos todo o suporte para o investidor com consultoria dentro da aplicação dos produtos. Entregamos a empresa pronta para funcionar. Nos focamos para que as empresas entreguem qualidade e que no futuro sejam tão grandes quanto a gente”, diz Corina.
Para uma operação básica de white label, o investimento inicial é estimado em R$ 1 milhão, além de compras recorrentes para manter a distribuição. Segundo a empresária, o ponto de equilíbrio costuma ser alcançado em até dois anos, desde que a operação inclua estrutura mínima com equipe de vendas, marketing, atendimento médico, logística e gestão tributária.
Corina alerta ainda para os riscos do setor: “Para que a empresa não feche em dois anos, é essencial qualidade e uma boa gestão administrativa. A rotatividade é grande. Saber o que não fazer é o mais importante. Os erros e as linhas de investimento precisam ser muito bem definidos”, explica.
A qualidade é um dos pilares da estratégicos da empresa. “Nosso cliente é aquele que busca qualidade. Nós mexemos com medicamento e trabalhamos com vida”, afirma.
Expansão com base na regulamentação brasileira
Com os filhos Rafael, Gustavo e Ana Carolinha cuidando das operações nos Estados Unidos, a família mantém uma visão de longo prazo para o mercado brasileiro. “O mais importante nesse mercado é saber o que não fazer. A experiência faz a gente sair na frente dos outros”, diz Corina. A estratégia da USA Hemp está alinhada com os avanços regulatórios do Brasil. “As regras que trabalhamos nos permitem fazer o operacional. E conforme o avanço da legislação, daremos novos passos. Um exemplo é a regulamentação do plantio de cannabis”, complementa.
Pesquisa, tecnologia e parcerias no Brasil
Com a nova sede no Brasil, o plano inclui a transferência de tecnologia e conhecimento técnico para o país. “Com certeza iremos fazer toda a transferência de tecnologia, cultivo, extração, colheita, de forma que atenda à qualidade que exigimos dos nossos produtos que hoje são produzidos no estado de Oregon”, afirma. A empresa também pretende desenvolver pesquisas genéticas em parceria com instituições como a Embrapa.
Com forte base logística e de distribuição — que inclui transportadoras como Tristar e Cannect —, a empresa aposta no potencial de Goiânia como centro de desenvolvimento para o mercado brasileiro de cannabis. “Com base sólida e a diretoria centralizada em um único local, isso dará mais força para nossos negócios no Brasil”, finaliza Corina.