Dados recentes do "Relatório de Insights e Oportunidades da 4ª Edição da Medical Cannabis Fair" -  em 2026 passa o evento passa a se chamar Cannabis Fair - produzido pelo portal Sechat, apontam que a dor é a principal motivação para a busca da terapia canabinoide no Brasil.

O levantamento, realizado com mais de 1.200 médicos, durante a principal feira de negócios da América Latina, revela que entre os 72,59% dos profissionais que já prescrevem a substância, os tratamentos predominantes são voltados para dor (22,52%), indução do sono (18,81%) e distúrbios de humor (17,20%).

Diante dessa demanda crescente por terapias para dor e condições crônicas, como epilepsia, a Cannect e a Associação Pauloafonsina de Estudos Canábicos (ASPAEC) oficializaram uma parceria estratégica. O objetivo é conectar médicos e pacientes a tratamentos que utilizam flores de cannabis medicinal (in natura) em território nacional, preenchendo uma lacuna deixada por restrições regulatórias recentes.

Segurança jurídica e o Salvo-Conduto

O diferencial desta operação reside na base legal. Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenha suspendido a importação individual de flores de cannabis, associações de pacientes como a ASPAEC operam sob a proteção de salvo-condutos judiciais. Essas decisões permitem o cultivo, a produção e a distribuição de genéticas adaptadas ao Brasil, garantindo a conformidade regulatória da parceria.

Para a presidente da ASPAEC, Caroline Rose Barros Nunes, essa autorização judicial é fundamental para a adesão ao tratamento. "O salvo-conduto representa segurança jurídica para o paciente. Ele garante tranquilidade para utilizar e transportar sua medicação de forma legal, evitando riscos e permitindo que o tratamento siga como foi prescrito pelo médico", afirma Nunes.

Segundo a executiva, o perfil do paciente que busca as flores geralmente envolve a necessidade de respostas terapêuticas rápidas e um controle refinado dos sintomas, optando por uma "alternativa terapêutica natural, personalizada e eficaz".

Critérios médicos e expansão de mercado

A ASPAEC atua sem limite no número de associados, mas mantém um processo de avaliação caso a caso para novas adesões. A parceria reforça que o uso medicinal — tanto da flor quanto de óleos e derivados — exige rigoroso acompanhamento profissional e transparência sobre riscos e benefícios. "Na ASPAEC, o acolhimento foi desenhado para ser simples, humano e totalmente assistido", explica Nunes.

Para Allan Paiotti, CEO da Cannect, a reintrodução das flores no portfólio da empresa segue uma lógica de mercado e de saúde integral, projetando uma recuperação rápida da fatia de mercado que esse formato ocupava antes das restrições de importação.

"Esta retomada é a evolução natural da nossa tese de cuidado integral. Mantemos um rigoroso critério médico, orientação para uso estritamente medicinal e total transparência sobre benefícios e riscos. As flores representavam 30% do mercado em 2023, antes da proibição da Anvisa, e nossa expectativa é que retornem a patamares de 20% a 30% em menos de um ano", projeta Paiotti.

Acompanhe a entrevista do Portal Sechat com o Allan Paiotti, CEO da Cannect: 

Logística e infraestrutura

A operação conjunta promete unir a capilaridade tecnológica da Cannect à capacidade produtiva da Associação. Segundo Nunes, a parceria trouxe "uma sinergia muito positiva", baseada em monitoramento contínuo e feedback dos pacientes para ajustes rápidos de processos.

Do lado produtivo, a Associação estruturou sua operação para ganhar escala sem perder os padrões sanitários, buscando níveis laboratoriais e farmacêuticos de qualidade. A dispensação é realizada diretamente pela Associação ao paciente, garantindo a rastreabilidade de ponta a ponta.

Em termos logísticos, o paciente conta com opções de entrega via três empresas parceiras, com prazo médio de quatro dias úteis para o Sudeste e abrangência nacional. As flores são enviadas em embalagens seladas com controladores de umidade. "Hoje já estamos 100% operacionais e preparados para atender com excelência tanto a demanda atual quanto o crescimento que virá", garante a ASPAEC.