Estudo: Uso de cannabis durante a gravidez não está associado a diferenças no neurodesenvolvimento infantil

Mesmo dividindo opiniões o novo estudo, considerado um dos maiores atualmente, não demonstrou influência significativa no uso dos derivados da planta durante a gestação

Publicada em 10/07/2023

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Por redação Sechat

Um estudo recente publicado na revista Pediatric and Perinatal Epidemiology, não encontrou vínculos entre o uso de cannabis durante a gravidez e diferentes resultados de neurodesenvolvimento em crianças. 

A pesquisa,  que acompanhou as crianças até a fase adulta, aos 20 anos de idade, é especialmente positiva, considerando que 4,2% das mulheres grávidas relatam o uso de maconha, dado este que vem aumentando a cada dia. Em alguns países, mulheres grávidas que usam cannabis podem enfrentar consequências legais, como prisão e remoção das crianças dos cuidados maternos.

Cannabis na gravidez

O uso de maconha durante a gravidez é um assunto controverso. Alguns elogiam sua capacidade de aliviar sintomas como enjôo matinal e dores, enquanto outros temem que as substâncias químicas da planta possam afetar negativamente o desenvolvimento da criança. 

Alguns estudos encontraram diferenças significativas no neurodesenvolvimento de crianças expostas à cannabis no útero, como TDAH, ansiedade e autismo, enquanto outros não encontraram associação. No entanto, especialistas apontam problemas na metodologia de muitos desses estudos, como baixo número de participantes ou projetos observacionais inconsistentes.

Um dos principais desafios na pesquisa é considerar outros fatores, como o uso de outras drogas pelos pais ou condições médicas preexistentes. Estudos mais recentes levaram em conta esses fatores e não encontraram associação entre o uso pré-natal de cannabis e autismo ou TDAH.

No entanto, estimativas indicam que a hereditariedade do autismo e do TDAH pode ser alta, o que significa que a probabilidade de transmitir essas condições aos filhos é significativa. Isso pode introduzir um viés nos estudos, pois os pais com maior probabilidade de transmitir essas condições também podem ser mais propensos a usar maconha durante a gravidez.

Outra pesquisa recente, conduzida pela Columbia University e pela University of Western Australia, foi um avanço na pesquisa. Eles controlaram uma ampla gama de características dos pais e acompanharam as crianças por um longo período de tempo. Com base nos dados coletados, não encontraram associação entre o uso pré-natal de cannabis e desempenho neuropsicológico inferior nas crianças. No entanto, o estudo tem suas limitações. Uma delas é o fato de que a potência da cannabis e as formas de uso mudaram ao longo das décadas. 

Os pesquisadores concluem que são necessárias mais pesquisas para compreender melhor os efeitos da exposição pré-natal à maconha no neurodesenvolvimento. Enquanto aguardamos dados mais conclusivos, os especialistas ainda recomendam que as mulheres evitem o uso de maconha durante a gravidez.