Cannabis no TDAH: os canabinoides são benéficos?
A doença é classificada como um transtorno do neurodesenvolvimento e hoje afeta cerca de 6 a 9% da população mundial
Publicada em 19/08/2022
Por Sofia Missiato
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) acomete o neurodesenvolvimento, causando estresse em crianças e adolescentes afetados. Pacientes com essa condição propõem o tratamento experimental à base de canabidiol para aliviar os sintomas. Mas o que se tem de informação até agora?
A começar pelos sintomas, um indivíduo com TDAH pode ter dificuldade para se concentrar e realizar tarefas até o final, apresentar comportamentos hiperativos, mover-se com frequência e fazer muita coisa ao mesmo tempo. Também ,não raramente, fala em excesso ou em horários inadequados, age de maneira inapropriada, e demonstra sinais agressivos.
Atualmente, segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, são classificados três perfis principais de TDAH, o desatento, o hiperativo/impulsivo e o combinado. A principal irregularidade fisiológica é uma oferta insuficiente de dopamina no cérebro. Este neurotransmissor químico está envolvido em processos cognitivos, como memória e atenção.
Os medicamentos tradicionais e mais conhecidos para o tratamento são a Ritalina e o Vyvanse que estimulam a liberação de dopamina no cérebro. No entanto, o uso a médio ou longo prazo de ambos pode trazer alguns efeitos colaterais para o paciente, como a abstinência. É neste sentido que a terapia canabinoide entra em cena. Acredita-se que a cannabis seja capaz de equilibrar os níveis de dopamina da mesma forma que os remédios tradicionais. Aqueles que defendem seu uso acreditam que a substância pode ajudar a controlar alguns dos sintomas como agitação, irritabilidade e falta de controle.
Um estudo de 2017 explorou os efeitos do tetrahidrocanabinol (THC) no sistema de dopamina e foi descoberto que o canabidiol é capaz de aumentar os níveis de dopamina no curto prazo. No entanto, a longo prazo, também pode dessensibilizar essa via de liberação de dopamina.
A relação entre a maconha e seu efeito no TDAH tem evidências mistas no campo científico. Algumas pesquisas mostraram que a conexão entre a maconha e os resultados terapêuticos positivos no transtorno é limitada. Outras sugeriram que a maconha pode melhorar a capacidade cognitiva e o controle de impulsos.
Pode-se concluir que a cannabis é um paliativo, porque proporciona alívio a curto prazo dos sintomas hiperativos de TDAH. Entretanto, doses corretas e sob supervisão médica devem ser analisadas. Resumindo, são necessárias mais pesquisas nesta área para determinar se a cannabis é de fato um tratamento seguro e eficaz para o transtorno. É aguardar para ver!.