Como o CBD pode beneficiar os jogadores de futebol e outros atletas profissionais

Entenda como o derivado da cannabis age no organismo dos praticantes de esportes de alto rendimento

Publicada em 16/11/2022

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Por João R. Negromonte

Com a proximidade da Copa do Mundo Fifa 2022, que determinará qual seleção irá se consagrar campeã do maior evento futebolístico do planeta, a ansiedade de torcedores e jogadores ficam à flor da pele.

Mas não são apenas os participantes ou a plateia em todo o mundo que comemoram o torneio. Os defensores da cannabis legal também celebram sua própria vitória, pois esta é, historicamente, a segunda vez em que um evento esportivo profissional global permitiu o uso de um derivado da planta.

A cannabis básica ainda é classificada como substância ilegal em qualquer evento esportivo. Na Fifa, qualquer jogador que testar positivo para a Copa do Mundo de 2022 será expulso da competição. No entanto, esse não é o caso de quem usa canabidiol.

Também conhecido como CBD, o canabidiol foi retirado da lista de substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidopagem ou WADA.

Como o CBD pode ajudar os atletas

O CBD funciona naturalmente com os compostos biológicos do corpo no sistema endocanabinóide, conhecido por agir em conjunto com diversos receptores, ativados por canabinóides de origem vegetal (fitocanabinoides) ou do próprio organismo (endocanabinoides).

O médico ortopedista e traumatologista com especialidade medicina esportiva, Dr. jimmy Fardin, explica que o CBD atuará na cascata de inflamação dos atletas de alto rendimento e, diferentemente dos anti-inflamatórios comuns, os derivados da cannabis modulam por meio dos receptores CB1 e CB2 a liberação e a reabsorção das citocinas inflamatórias.

“Em vez de inibir ele equilibra esses fatores impedindo que  a inflamação  perdura tempo demais, gerando uma melhor recuperação muscular”, explica Fardin.

Desse modo, o atleta pode voltar aos treinos ou competir em menos tempo  e sem desconfortos. Além disso, o CBD também age em neurogênese (processo de formação, migração e diferenciação de novos neurônios) e neuroplasticidade (capacidade do sistema nervoso modificar sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência)

“Isso é bem importante quando temos esportes de contato que geram concussões cerebrais, pois a neurotoxicidade de traumas na cabeça poderá ser melhor controlada pelas células da glia do encéfalo”, ressalta o ortopedista que continua: “o CBD, via receptores 5HT1 e 5HT2, também atua contendo a ansiedade dos atletas pré-prova e em receptores de adenosina, promovendo uma melhora da sensação de cansaço, depois da prova”.

Novo status do CBD no cenário esportivo global

Desde da decisão da WADA, que aumentou não apenas as vendas de CBD, mas também reforçou o moral dos grupos que aguardam sua legalização total, diversos atletas vêm aderindo ao uso da substância.

Nomes como do skatista e 13 vezes medalha de ouro dos X-games, Bob Burnquist, o maratonista Daniel Chaves, o lutador de MMA do Ultimate Fighter Championship (UFC) Raoni Barcelos e os nadadores da seleção brasileira paraolímpica Talisson Glock e Susana Schnarndorf, são alguns exemplos de atletas que usam a substância para controle de dores e da ansiedade.

Algumas competições internacionais, como a liga profissional de basquete norte-americana NBA, e a MLB, Major League Baseball, também já flexibilizaram suas regras para o uso medicinal dos derivados da cannabis. 

Por enquanto, apenas o CBD é permitido 

Por causa do grupo hidroxila extra ligado ao CBD, o composto perde sua psicoatividade e não afeta o desempenho esportivo do jogador, portanto, não é considerado um aprimoramento ilegal pela WADA. Em vez disso, torna o tempo de recuperação dos atletas um pouco mais rápido e também reduz o desgaste que seu corpo sofre.

Formula química do CBD e THC (Imagem: Freepik)

Ambos vêm da mesma planta e têm uma fórmula molecular quase igual. Isso atribui à equipe de testes de drogas da WADA a responsabilidade de entender completamente a distinção entre os dois.

De acordo com especialistas, a WADA com o tempo será capaz de eliminar a distinção entre THC e CBD por causa dos marcadores metabólicos resultantes do processamento no fígado e nos rins.

Até o momento, nenhum jogador da Copa do Mundo assumiu publicamente e admitiu o uso de CBD.

Embora a WADA tenha relaxado seus regulamentos, cabe aos jogadores de futebol e outros esportistas, contarem suas experiências positivas relacionadas com o  CBD, encorajando assim outras organizações esportivas em todo o mundo a reverterem as proibições aos compostos da planta.