O Uruguai lançou, em dezembro de 2022, uma nova variedade de maconha no mercado legal, mais potente, chamada Gamma. Essa inovação desencadeou uma revolução na indústria de cannabis do país sul-americano, com as farmácias registrando uma demanda que superou todas as expectativas. 

Em 13 de setembro, o Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (Ircca), o órgão responsável pela regulamentação da maconha no Uruguai, anunciou que as vendas da Cannabis Gamma dispararam desde seu lançamento.  

As primeiras semanas de comercialização bateram recordes, marcando um marco na história da cannabis no país, que desde 2017 legalizou a venda controlada da erva. O Ircca também relatou que estão enfrentando dificuldades para manter os estoques em dia devido à demanda avassaladora. 

"Estamos trabalhando incansavelmente para enfrentar essa crescente demanda do mercado", afirmou o órgão em uma publicação no Instagram. 

A Cannabis Gamma, conhecida por sua potência, contém uma impressionante concentração de THC de até 15%. Isso a diferencia significativamente das outras duas variedades disponíveis para venda desde 2017, Alpha e Beta, que têm um teor de THC de até 9%. Essa diferença na potência é um dos principais fatores que impulsionam a procura por esta nova variedade. 

De acordo com as projeções do Ircca, com a introdução da Cannabis Gamma no mercado legal do Uruguai, o volume de vendas deste ano deve ser equivalente ao dobro do registrado em 2022. Isso demonstra a rápida adaptação dos consumidores à nova variedade e a crescente aceitação da maconha legalizada no país. 

Regulamentação uruguaia 

No Uruguai, a venda de maconha legalizada é feita sob rigorosa regulamentação do governo. Existem três maneiras de obter o produto dentro da lei: através de uma licença para cultivo pessoal, por meio de clubes de cultivo registrados ou adquirindo a maconha controlada pelo governo em farmácias.  

Esses produtos de cannabis vendidos nas farmácias são altamente controlados pelo governo, que estabelece suas características, incluindo a quantidade precisa de THC, o principal componente ativo responsável pelos efeitos alucinógenos da maconha, é o que explica Marco Algorta, que faz parte da indústria das substâncias controladas de uso na medicina desde 2013, sendo considerado um dos pioneiros da indústria da cannabis medicinal na América do Sul: 

“A Lei não vem normalizar o uso de cannabis no Uruguai, ele sempre existiu, o que ela faz foi gerar um espaço de aceitação. Contudo, as primeiras genéticas que o país disponibilizou nas farmácias, continham quantidades muito baixas do princípio ativo (THC), que é o que as pessoas procuram”. 

O especialista reforça, entretanto, que não houve um aumento no consumo, mas sim na disponibilidade de uma genética com maiores concentrações de THC sendo ofertadas nas farmácias atualmente. Vale lembrar ainda, que mesmo com um número elevado de registros nas farmácias do país, consumidores recorriam à outras formas de acesso, como clubes e cultivo pessoal, o que garante a alta concentração do psicotrópico.   

À medida que a Cannabis Gamma continua a ganhar popularidade e a demanda se multiplica, o Uruguai está se consolidando como um pioneiro na regulação e comercialização responsável da maconha. Esta tendência em ascensão é um testemunho da crescente aceitação e reconhecimento dos benefícios terapêuticos e recreativos da cannabis em todo o país.