Cannabis e odontologia integrativa: nova fronteira da saúde bucal no Brasil

Com base em evidências e abordagem humanizada, dentistas integrativos vislumbram papel ativo no mercado da cannabis medicinal

Publicada em 04/08/2025

Cannabis e odontologia integrativa: nova fronteira da saúde bucal no Brasil

Já já iremos gerar uma demanda muito grande, tendo em vista o quanto o mercado é grande e já está prosperando incrivelmente”, afirmou Cristina Gottlieb durante o 4ºCBCM. Imagem: Canva Pro

A aplicação da cannabis medicinal vem se expandindo em diversas especialidades da saúde e tem proporcionado constantes descobertas e avanços na odontologia. Controle de dores crônicas orofaciais, bruxismo, processos inflamatórios e cicatrização, são alguns dos tratamentos onde a planta tem mostrado potencial.

Mesmo assim, entre os 441 mil cirurgiões-dentistas registrados no Conselho Federal de Odontologia (CFO), estima-se que menos de 1% dos cirurgiões-dentistas prescrevam atualmente derivados da planta, segundo o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP).

Para o CRO-SP, esse cenário reforça o desafio de ampliar a capacitação da categoria e propõe que o sistema endocanabinoide seja estudado desde a graduação. Por esse motivo, profissionais da chamada odontologia integrativa enxergam nesse cenário um enorme potencial de crescimento — tanto no campo clínico quanto no mercadológico. 

“Infelizmente a gente não vê a linguagem da cannabis na odontologia, mas creio que isto é um hiato. Já já iremos gerar uma demanda muito grande, tendo em vista o quanto o mercado é grande e já está prosperando incrivelmente”, afirmou Cristina Gottlieb, dentista integrativa e presidente da Sociedade Brasileira de Odontologia Sistêmica Integrativa (SBOSI), durante o 4º Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal.

A previsão otimista da especialista se apoia em dados robustos. Segundo o 3º Anuário da Cannabis Medicinal, elaborado pela consultoria Kaya Mind, o setor movimentou R$ 853 milhões no Brasil em 2024 — um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. A projeção é de que o volume atinja a marca de R$ 1 bilhão até o fim de 2025.

Esse avanço vem acompanhado pela ampliação da oferta de produtos: atualmente, mais de 2.150 itens à base de cannabis estão disponíveis no país, sendo cerca de 1.900 por meio de importação.

Diante do interesse crescente da categoria, o CFO afirmou, em nota enviada à reportagem, que profissionais interessados em prescrever canabidiol devem buscar capacitações específicas na área. Embora bastante promissor, o composto — como qualquer outro medicamento — pode causar efeitos colaterais, especialmente quando associado a outras substâncias.
 

Confira a entrevista com Cristina Gottlieb, durante o Congresso: