Cannabis medicinal melhora memória em pacientes com Alzheimer, conclui estudo da UNILA
Pesquisa brasileira, a mais longa do mundo sobre o tema, identifica melhora cognitiva em pacientes com Alzheimer tratados com cannabis medicinal
Publicada em 07/11/2025

O ensaio clínico randomizado duplo-cego foi realizado com 28 pacientes de 60 a 80 anos, durante 26 semanas (cerca de seis meses). Imagem: Canva Pro
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) concluiu que a cannabis medicinal pode tratar pacientes diagnosticados com Alzheimer. A pesquisa foi a mais longa já realizada no mundo testando canabinoides em pacientes com essa condição.
O ensaio clínico randomizado duplo-cego foi realizado com 28 pacientes de 60 a 80 anos, durante 26 semanas (cerca de seis meses). O coordenador da pesquisa, Francisney do Nascimento, destaca que este tipo de estudo – randomizado, duplo-cego, placebo-controlado – é o “padrão ouro” dos ensaios clínicos.

“Neste tipo de pesquisa, metade do grupo recebe o medicamento e a outra metade recebe o placebo, e ao final os resultados são comparados”, detalhou em nota da UNILA.
A conclusão foi que o grupo que recebeu o extrato full spectrum de cannabis (0,350 mg de THC e 0,245 mg de CBD) demonstrou melhoras cognitivas, com base nos resultados do Mini-Exame do Estado Mental (MMSE).
Para Nascimento, a publicação deste artigo é um grande acontecimento. “Este é o primeiro ensaio clínico do mundo que mostra que a cannabis melhora a memória em pacientes com Alzheimer."
"Tem outros estudos que, principalmente, mostram que reduz a agitação, reduz a ansiedade. Mas o teste de memória, de fato, o primeiro artigo foi o nosso”, ressalta.
O artigo foi publicado na revista Journal of Alzheimer’s Disease e faz parte de uma série de estudos com cannabis medicinal do Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica (LCP) da UNILA.
Potencial contra o avanço do Alzheimer
A descoberta é fundamental, já que o Alzheimer é a principal doença degenerativa no mundo, gerando grande perda de qualidade de vida para os pacientes e seus cuidadores.
Atualmente, só existem quatro medicamentos para tratamento, que não trazem benefícios significativos. Os estudos com canabinoides, por outro lado, vêm apontando grande potencial para reduzir o avanço ou até mesmo promover melhoras na memória.
Isso porque os canabinoides podem reduzir a inflamação neuronal e o estresse oxidativo, fatores associados à progressão do Alzheimer. “Estudos realizados com ratos em laboratórios, por exemplo, já demonstram que o THC pode promover neurogênese (formação de novos neurônios) no hipocampo, a região do cérebro responsável pela memória”, conta o pesquisador.
Segurança e próximos passos do estudo
Para o médico responsável pelo estudo e docente do curso de Medicina da UNILA, Elton Gomes da Silva, a pesquisa abre uma série de outras possibilidades. Já estão em andamento na UNILA novos estudos, com outras combinações e dosagens da substância, para comparação dos resultados.
Outra vantagem apontada na pesquisa é que os pacientes tratados com cannabis não tiveram eventos adversos significativos, o que demonstra que a droga é, além de eficaz, bastante segura.
Com informações de UNILA



