Novo canabinoide é descoberto e reforça potencial da maconha no tratamento do câncer infantil

Estudo identifica o cannabielsoxa, novo canabinoide da maconha, e aponta que outros compostos da planta podem inibir células de neuroblastoma, tipo de câncer que afeta principalmente crianças.

Publicada em 09/05/2025

 Novo canabinoide é descoberto e reforça potencial da maconha no tratamento do câncer infantil

Cannabielsoxa: cannabis surpreende mais uma vez com composto inédito e promissor | Imagem: CanvaPro

A planta que nunca para de surpreender: já são mais de 100 canabinoides conhecidos…e contando. A cada nova pesquisa, a cannabis mostra que está longe de ter todos os seus mistérios desvendados. 

O mais recente? A descoberta do cannabielsoxa, um canabinoide inédito identificado por cientistas sul-coreanos, que também relataram, pela primeira vez, a presença de diversos outros compostos nas flores da cannabis sativa.


A pesquisa foi publicada neste mês na revista Pharmaceuticals e conduzida por uma equipe multidisciplinar formada por representantes de universidades e órgãos governamentais da Coreia do Sul, como a Universidade Wonkwang e o Ministério de Segurança Alimentar e de Medicamentos. O estudo não apenas isolou o novo canabinoide, mas também investigou o potencial antitumoral de 11 compostos da planta.


Entre esses, sete demonstraram forte atividade inibitória contra células de neuroblastoma, um tipo de câncer que, infelizmente, é o tumor sólido mais comum em crianças e o mais frequente no primeiro ano de vida. 


Embora o cannabielsoxa não tenha apresentado toxicidade contra as células tumorais neste estudo específico, outros compostos conhecidos como CBD, CBDA e CBG mostraram efeitos inibidores mais potentes até do que os compostos do tipo clorina, tradicionalmente estudados nesse contexto.


“Este estudo isolou com sucesso um novo canabinoide e seis compostos canabinoides conhecidos, juntamente com um novo composto do tipo clorina e três compostos adicionais do tipo cloro, relatados pela primeira vez nas flores de c. sativa”, dizem os autores.


Essa descoberta é mais um tijolo na construção contínua do que a cannabis realmente significa do ponto de vista medicinal. A planta tem sido fonte de esperança para pacientes oncológicos e, cada vez mais, alvo de pesquisas robustas que buscam validar e expandir seu uso terapêutico. 

Prova disso é uma meta-análise publicada na revista Frontiers in Oncology que avaliou mais de 10 mil estudos científicos revisados por pares sobre cannabis medicinal e câncer, e encontrou um “consenso esmagador” sobre seus benefícios, especialmente na melhoria de sintomas como dor, ansiedade, estresse e distúrbios do sono.


Também vale lembrar que estudos in vitro anteriores já demonstraram que os canabinoides são capazes de retardar o crescimento e até induzir a morte de células tumorais. E que compostos menos conhecidos, os chamados “canabinoides menores”, vêm mostrando efeitos anticancerígenos animadores em diferentes tipos de câncer, inclusive de sangue.


“Esperávamos controvérsia. O que encontramos foi um consenso científico avassalador”, declarou Ryan Castle, chefe de pesquisa do Whole Health Oncology Institute, responsável pela maior revisão sobre o tema até hoje.


A ciência está só começando a entender os caminhos possíveis que a cannabis pode oferecer para o enfrentamento do câncer. Ainda há muitos desafios regulatórios, de acessibilidade e de padronização. Mas uma coisa é certa: a planta continua entregando novas possibilidades terapêuticas a cada vez que é estudada mais a fundo. E, agora, com o cannabielsoxa na roda, a conversa promete ir ainda mais longe.

 

Com informações de Marijuana Moment.