ESOPs em empresas de cannabis: estratégia contorna a 280E e recompensa funcionários

Planos de propriedade de ações por funcionários oferecem saída estratégica para fundadores e benefícios fiscais para negócios de maconha

Publicada em 22/05/2025

ESOPs em empresas de cannabis: estratégia contorna a 280E e recompensa funcionários

Imagem Ilustrativa: Canva Pro

Quando o governador de Maryland, Wes Moore, sancionou uma lei em 22 de abril isentando os planos de propriedade de ações por funcionários (ESOPs) da exigência de licença estadual de cinco anos para negócios de cannabis, abriu-se uma nova rota estratégica para fundadores do setor.

Além de criar uma saída planejada, a medida também permite que empresas de cannabis contornem a Seção 280E do Código da Receita Federal dos Estados Unidos, que limita deduções fiscais para negócios ligados a substâncias controladas.

 

Como funcionam os ESOPs em empresas de cannabis


Os ESOPs (Employee Stock Ownership Plans) são programas que permitem que empresas vendam parte de suas ações para um fundo fiduciário, que as mantém em benefício dos funcionários. A ferramenta tem sido usada no setor desde 2023, quando a Theory Wellness, de Massachusetts, implementou seu plano. Pouco tempo depois, a The Vault, também do mesmo estado, seguiu o mesmo caminho.

“Um ESOP é apenas outra maneira de vender sua empresa”, afirma Darren Gleeman, sócio-gerente da ESOP MBO Ventures, banco de investimentos de Nova York envolvido com as duas companhias.

A transação permite que os fundadores vendam ações com diferimento do imposto sobre ganhos de capital. O financiamento pode vir de recursos da empresa, empréstimos ou financiamento do próprio vendedor — e a economia com impostos pode ajudar a quitar dívidas contraídas para esse processo.

 

Vantagens além da economia fiscal


Evitar a 280E é um atrativo evidente, mas não o único. Gleeman destaca que os ESOPs também oferecem engajamento e retenção de talentos:

“Eles permitem que uma empresa de cannabis mantenha mais de seus lucros e crie um senso de pertencimento entre os funcionários.”

Foi o que motivou Meg Sanders e Erik Williams, fundadores da Canna Provisions, a buscarem um modelo de participação. Inicialmente, as regras de propriedade de Massachusetts dificultaram a criação de um programa de lucros.

Após participarem de uma conferência em 2023, descobriram que os ESOPs poderiam ser a solução. “O maior benefício é crescermos juntos”, disse Sanders. “Os funcionários cuidam dos detalhes como se fossem donos — e são.”

 

Funcionários engajados e mais motivados


Jon Shore, CFO da Theory Wellness, reforça que o impacto dos ESOPs vai além do financeiro:

“Os funcionários se sentem mais capacitados porque são donos da empresa. Eles têm um interesse real no desempenho dela, o que aumenta sua dedicação.”

Michael Botelho, CEO da The Vault, também viu os benefícios. Embora cético no início, ele afirma que a primeira concessão de ações em agosto passado transformou a percepção dos colaboradores:

“As pessoas começaram a entender que era real. Isso as manteve focadas e comprometidas com o sucesso da empresa.”

 

Para quem os ESOPs fazem sentido?


Segundo a advogada Hannah King, do escritório Dentons, ESOPs em empresas de cannabis são mais indicados para companhias com ao menos 25 funcionários em tempo integral e lucro operacional (EBITDA) de US$ 2 a 2,5 milhões.

“Quando você vende para um ESOP, um fundo fiduciário passa a ser o proprietário. À medida que a empresa lucra, o valor é distribuído em contas de aposentadoria dos funcionários”, explica.

King lembra que muitos fundadores de negócios de cannabis esperavam vender suas empresas em até três anos — algo que não se concretizou. Com a escassez de capital no setor, os ESOPs surgem como uma alternativa viável e sustentável.

Conclusão: ESOPs ganham força como modelo no mercado canábico
Apesar de não serem a solução ideal para todas as empresas, os ESOPs representam uma alternativa promissora para negócios de cannabis que buscam longevidade, eficiência fiscal e engajamento dos funcionários.

“É um plano de aposentadoria sem financiamento”, resume Botelho. “E uma nova forma de construir uma empresa mais justa e resiliente.”


Conteúdo publicado originalmente em MjbizDaily