A influência religiosa no Brasil como principal barreira na normalização da cannabis
Joana Treptow defende o diálogo aberto sobre cannabis e diz acreditar em um Deus que não pune pessoas por usarem maconha
Publicada em 04/09/2024
Joana Treptow durante gravação do Deusa Cast. Imagem: Arquivo Sechat
Segundo a jornalista, a religião exerce uma influência “muito forte” no Brasil, moldando os costumes e o pensamento de muitas pessoas. “Muitos países com uma 'mentalidade mais aberta' não têm suas 'entradas' tão ligadas à igreja”. Para ela, esse é o principal motivo pelo qual não conseguimos tratar certos temas com normalidade e lucidez.
De acordo com a pesquisa Global Religion 2023, realizada em 26 países, o Brasil é o país com o maior número de pessoas que acreditam em Deus ou em um poder superior, sendo aproximadamente nove em cada dez brasileiros, cerca de 90%. Em relação à religião, 76% dos brasileiros afirmam seguir algum tipo de crença religiosa, sendo que 70% deles se identificam como cristãos.
Em julho, um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter votado a favor da descriminalização do uso de cannabis no Brasil, o Papa Francisco fez um discurso no Vaticano expressando sua posição relativa à legalização das drogas. “As drogas pisoteiam a dignidade humana. A redução da dependência de drogas não é alcançada pela legalização do uso, como algumas pessoas propõem ou alguns países já implementaram. Isso é uma fantasia", disse Francisco.
“Eu acredito muito em Deus, mas não em um ser punitivo. Meu Deus não vai punir ninguém pelo uso da maconha”, concluiu Treptow.