A Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e Threads, anunciou esta semana alterações nas políticas de moderação de conteúdo, mas segue restringindo buscas e interações relacionadas à cannabis em suas plataformas. Termos como "maconha" e "cannabis" continuam a exibir avisos pedindo aos usuários que denunciem a "venda de drogas", frustrando criadores de conteúdo, agências governamentais e pacientes que buscam informações legítimas.

Moderação descentralizada e discurso ampliado

De acordo com publicação do Marijuana Moment, Mark Zuckerberg, fundador da Meta, revelou que a empresa está substituindo práticas como a verificação de fatos de terceiros por um modelo de notas da comunidade, no qual os próprios usuários sinalizam conteúdos questionáveis. Além disso, foram suspensas restrições sobre temas como imigração e identidade de gênero, em nome da liberdade de expressão.

"Permitiremos mais discursos ao suspender restrições em alguns tópicos que fazem parte do discurso convencional", declarou a empresa, prometendo focar em "violações ilegais e de alta gravidade".

No entanto, para o setor de cannabis, as mudanças ainda não surtiram efeito. Pesquisas envolvendo termos relacionados à maconha permanecem bloqueadas, e a plataforma mantém a categorização da planta no mesmo grupo de substâncias controladas, como drogas ilícitas.

Impactos sobre educação e advocacia

Agências como a Comissão de Controle de Cannabis de Massachusetts relataram dificuldades para disseminar informações em canais digitais. "Proibições ocultas dificultam a busca por nossa agência governamental e podem impedir que mensagens legítimas cheguem ao público", afirmou um porta-voz.

Criadores de conteúdo também enfrentam desafios. Brian “Box” Brown, cartunista da série Legalization Nation, contou que seu perfil no Instagram sofreu limitações por abordar temas sobre cannabis. "Nenhuma mudança foi feita na atitude da Meta em relação à cannabis", afirmou.

Sem prazo definido

A Meta informou que a implementação das novas regras ocorrerá nos próximos meses, mas não detalhou se incluirá alterações no tratamento da cannabis. Enquanto isso, críticos afirmam que a moderação excessiva prejudica o acesso a conteúdos educativos e de saúde pública.

Os debates sobre o papel das plataformas digitais na regulação de discursos continuam, mas para o setor de cannabis, a liberdade de expressão ainda parece distante.