Pesquisadores canadenses avaliam a eficácia da cannabis no tratamento da Esclerose Múltipla
A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) estima que existam aproximadamente 40 mil pessoas com EM no Brasil e 2,8 milhões em todo o mundo.
Publicada em 22/08/2024
Imagem: vecteezy
Pesquisadores canadenses estão conduzindo um ensaio clínico randomizado e duplo-cego para avaliar a eficácia dos canabinoides no alívio dos sintomas em pessoas com esclerose múltipla (EM) que não respondem completamente ao tratamento padrão, descrito como "parcialmente eficaz" no estudo.
O estudo começou em 2022 e tem previsão de duração de cinco anos. Agora, os pesquisadores estão iniciando uma nova fase. Todos os participantes, com mais de 21 anos, serão designados aleatoriamente em quatro grupos: THC isolado, CBD isolado, combinação de THC e CBD, e placebo. Os pacientes receberão até duas doses diárias, com no máximo 20 mg de THC e 200 mg de CBD por dia.
Durante os primeiros sete dias, os pacientes realizarão uma autoavaliação do tratamento. O desfecho principal da pesquisa será a diferença nessa pontuação após 4 semanas em comparação com a linha de base. Após essa primeira avaliação, os participantes continuarão por mais 12 semanas com acompanhamento.
O que é Esclerose Múltipla (EM)?
A Esclerose Múltipla é uma doença neurológica, crônica e autoimune, onde as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, causando lesões cerebrais e medulares. Seu principal sintoma é a espasticidade (distúrbio no controle muscular, caracterizado por tensão, rigidez, aumento dos reflexos dos tendões e dificuldade de controlar os músculos).
A causa específica da doença ainda é desconhecida, embora se suspeite que fatores genéticos e, possivelmente, infecções virais possam contribuir para o seu desenvolvimento. Os pacientes geralmente são jovens, especialmente mulheres entre 20 e 40 anos. A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) estima que existam aproximadamente 40 mil pessoas com EM no Brasil e 2,8 milhões em todo o mundo.
A EM não tem cura e pode se manifestar com diversos sintomas, como fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, alterações no equilíbrio e na coordenação motora, dores articulares, disfunções intestinais e da bexiga, além de alterações visuais, que são consideradas o sintoma mais comum da doença.
Evidências Científicas
Uma revisão de 25 estudos envolvendo 3.763 pessoas com EM analisou o impacto dos canabinoides no tratamento da espasticidade e outros sintomas. Entre os participantes, 2.290 receberam canabinoides. O maior estudo incluiu 657 pessoas.
Os principais resultados indicaram um aumento no número de pessoas que relataram uma redução significativa na espasticidade e uma melhora significativa no bem-estar. A análise também encontrou baixa prevalência de distúrbios do sistema nervoso ou desordens psiquiátricas.
Para os pesquisadores canadenses, "a principal barreira para o uso eficaz da cannabis em cenários clínicos reais é a falta de evidências sobre os benefícios de canabinoides específicos e informações sobre possíveis riscos associados". Segundo o grupo, o estudo contribuirá para superar essa limitação, identificando os riscos e benefícios do tratamento com cannabis para a Esclerose Múltipla.