Estamos de "mãos atadas" enquanto não conseguirmos uma autorização via Anvisa, afirma pesquisadora da Embrapa

Pesquisadores renomados debatem o plantio de cânhamo no Brasil e a necessidade de gerencias diversas genéticas no nosso território

Publicada em 24/05/2024

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Referências na pesquisa brasileira com cannabis, Daniela Bittencourt, Paulo Jordão de Oliveira e Luiz Borsato palestraram no Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal, sobre a genética das flores brasileiras e o seu papel no crescimento do setor industrial. A sessão foi mediada pelo primeiro pesquisador brasileiro autorizado a cultivar Cannabis no país e fundador da Startup ADWA Cannabis, Sergio Barbosa.

Daniela, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), afirma que a empresa está trabalhando para desenvolver um programa de pesquisa com cannabis. "Percebemos uma urgência em avançar na pauta. Agora, buscamos autorizações junto ao MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) para destravar barreiras jurídicas. Também, estamos em contato com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo ela, o programa será realizando durante 12 anos, iniciando na semente e terminando na produção do produto final.

Ao todo, o processo terá quatro vertentes, cultivo, manejo, colheita e, por ultimo, zoneamento, economia e politicas publicas, buscando entende as três anteriores dentro do cenário brasileiro. Durante o cultivar, a ideia é encontrar diferentes características genéticas, por meio de trocas de sementes - hoje existem 19 bancos de sementes, com 923 variedades diferentes.  

Por fim, Daniela afirmou que a Embrapa está "de mãos atadas" enquanto não conseguirem uma autorização via Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Ainda estamos apenas no 'papel', realizando levantamentos econômicos, parcerias e conversas com a Fiorruz, a Santa Cannabis. Não podemos colocar a semente na terra".

 

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Paulo Jordão de Oliveira e Daniela Bittencourt , da esquerda para a direita

 

Precisamos de uma legislação ampla

 

Como solução para a falta de regulamentação clara e pouca ou nenhuma possibilidade de plantio no Brasil - principalmente para plantas com Tetraidrocanabinol (THC), Paulo, professor e pesquisador, fundador da Cannapi (cânhamo Piauiense), diretor do Núcleo em pesquisa em Cannabis da UFPI (AGROCANN), afirmou que devemos olhar para a planto macho. "Não tem THC mas tem fibra, semente, folha. Pode ser muito aproveitada para a pesquisa.

 

Ainda pontuando soluções, o pesquisador ressaltou a importância dos "cultivadores sociais" na coleta de diferentes genéticas. "Quem planta de maneira ilegal tem muita genética, muito conhecimento. Essas pessoas precisam se juntar com os pesquisadores, permitindo um acesso a essas genéticas.


Por fim, Sérgio clamou por uma legislação robusta, condizente com as demandas brasileiras. "O Brasil é líder no agronegócio, tendo um investimento massivo no setor. Precisamos de uma liberação de larga escala para o plantio do cânhamo.